Esportes

Vila Olímpica terá número recorde de camisinhas disponíveis

aneis.jpgEm uma coisa os Jogos no Rio já são os maiores de todos os tempos: os 10.500 inquilinos da Vila Olímpica terão à disposição 450 mil camisinhas (sendo 100 mil femininas). A quantidade é inédita: o triplo da última competição, mais de 40 por atleta. Os contraceptivos, assim como 175 mil sachês de lubrificante íntimo, poderão ser retirados na policlínica do complexo e em 41 máquinas espalhadas pela área. Ao ser informado destes números, um atleta veterano opina:

? É a Olimpíada. Eles vão precisar.

O autor da sucinta análise é o americano Josh Lakatos, integrante da equipe de tiro esportivo dos EUA em quatro Olimpíadas: competiu em Atlanta 1996 e Sidney 2000 e foi técnico em Pequim 2008 e Londres 2012. Foi na Austrália que ele protagonizou o caso que lhe dá a certeza de que quase meio milhão de preservativos terão destino certo.

Após se fazer de difícil no chat do Facebook, Josh confirma com orgulho a história que o tornou uma lenda entre os correspondentes. Terminada a competição de tiro em 2000, ele e seus colegas teriam de deixar a casa de três andares que ocupavam. A experiência em Atlanta, onde conquistou uma medalha de prata, ensinava-lhe que a Vila Olímpica estava prestes a se transformar em micareta: conforme os atletas vão terminando suas respectivas competições, aproveitam os dias de folga como se não houvesse amanhã. Disposto a aproveitar a festa, Josh pagou a faxineira para fazer vista grossa e continuou no local, que, graças ao boca a boca, virou a central de diversão da vila. Durante uma semana, homens e mulheres de todas as modalidades e nacionalidades encontraram pouso naquela que ficou conhecida como Shooter?s House (em inglês, uma provocativa ?casa do atirador?).

? Eu era gerente do motel da vila! ? brinca Josh, 43. ? Não foi nada planejado, simplesmente aconteceu. Mas tenho certeza de que esquemas parecidos continuam acontecendo.

A multiplicação de camisinhas não ocorre apenas por libido olímpica, mas também por precaução médica. Como o vírus da zika pode ser transmitido no sexo e complicar eventuais gestações, o mais prudente é seguir a orientação da ONU e, ao visitar locais atingidos pela doença (caso do Rio), usar preservativos nas relações sexuais.

O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, disse esperar que no mês em que acontecem a Olimpíada não ocorram casos da doença na cidade:

? Nossa expectativa é ter um número de casos de zika muito próximo de zero em agosto.

Alguns atletas estrangeiros, de fato, anunciaram seu receio e até sua desistência dos Jogos por causa da zika. Mas a imensa maioria vem para a competição ? e, passada esta, para a festa.

É simples de entender. Imagine que você é um atleta olímpico (a não ser que você seja mesmo; neste caso, parabéns!). Após anos de treino duro, você se classifica para a Olimpíada, vem para o Rio. Você compete e, como a maioria dos competidores, perde. Ou vence. Em qualquer dos casos, você pode relaxar: durante alguns dias, não precisa mais treinar, pode tanto afogar as mágoas quanto nadar de braçada na comemoração. Com sorte, tem a chance de passar mais uns dias de bobeira na vila. De repente, encontra ao seu redor milhares de pessoas na mesma situação que você ? a maioria desacompanhada, longe de casa, no auge da forma física… Imagine o que deve ser o Tinder dessa Vila Olímpica.

Muito antes de aplicativos de paquera, no entanto, o pessoal já corria atrás do ouro. Alguns destaques: em Seul 1988, encontrou-se tantas camisinhas sobre os prédios da vila que foi preciso banir o sexo ao ar livre; em Sidney 2000, acharam que 70 mil camisinhas bastariam, mas foi preciso encomendar mais 20 mil; em Pequim 2008, o clima quente inspirou site TMZ a cunhar a manchete antológica: ?Vila Olímpica: mais sexo que em Woodstock.?

Conforme o assunto deixa de ser tabu, mais atletas falam sem pudores sobre o sexo durante a maior competição esportiva do planeta ? principalmente os americanos. O multimedalhista da natação Ryan Lochte, que esteve em três olimpíadas e acaba de garantir sua vinda ao Rio, já ofereceu uma estimativa ao canal de TV ESPN: ?Eu diria que entre 70% a 75% dos ?olímpicos? transam durante os Jogos?, chutou Lochte, acrescentando que o assédio é intenso e ?às vezes, você faz o que tem que fazer.? Hope Solo, goleira da seleção de futebol feminino dos EUA, ouro em 2008 e 2012, causou furor ao contar que levou uma celebridade (não revelada) para seu quarto. Também foi franca sobre pegação na vila: ?na grama, entre prédios, o pessoal rala e rola? (no original, ?get down and dirty?).

Marta Sobral, ex-pivô da seleção brasileira de basquete, confirma que na vila rolam festas e até shows com participação dos atletas. Mas ?faz a Glória Pires? com relação ao sexo olímpico:

? Não sei.

Giba, ex-ponteiro da seleção de vôlei, diz que, nas competições do seu esporte, diferente do que ocorre no futebol brasileiro, não se impõe jejum de sexo:

? O [técnico] Bernardinho só pede para não confundir liberdade e libertinagem. Sabendo dosar, que mal tem?

No judô, as competições de cada categoria ocorrem em um único dia. Até 9 de agosto, quando entrar no tatame em busca do ouro até 81 kg, o judoca Victor Penalber diz que ?é foco total?. Depois, o carioca de 26 anos está pra jogo:

? Até o dia de lutar, o corpo nem responde [a outros estímulos]. Mas depois passou, fico na vila mais quatro dias, estou solteiro… Quem sabe?