Esportes

Iraquiano encerra a carreira na equipe americana de halterofilismo paralímpico

Histórias de superação e força de vontade não faltam na Paralimpíada do Rio. Mas um atleta da equipe americana de halterofilismo se destaca por ter escapado do governo do ditador Saddam Hussein, que comandou o Iraque com mãos de ferro por mais de 20 anos. Ahmed Shafik, de 42 anos, chegou a representar seu país de nascimento em uma competição, mas seu desempenho foi classificado como péssimo pelo filho de Saddam, Uday, que ocupava um cargo similar ao de ministro dos Esportes.

Classsificado para a Paralimpíada do Rio, Ahmed Shafik ? o único atleta americano na modalidade ? pretende se aprosentar depois dos Jogos para dedicar seu tempo ao filho que nasceu na última semana.

?Eu o vejo todos os dias desde o início dos Jogos e tudo está bem?, contou ele que continuou: ?A Rio-2016 foi muito mais interessante do que Londres-2012. O resultado foi melhor e eu me diverti muito mais. Espero que em 2020 mais americanos participem desse esporte?.

De refugiado à cidadão americano

Nascido em Bagdá, Shafik, que teve poliomelite quando criança, sonhava em seguir os passo do pai, Abul, e representar seu país em competições internacionais de levantamento de peso.

“Não tenho certeza se devo chamar de deficiência. Posso dizer que as lesões são uma motivação. Algo que me empurrou para seguir em frente”, disse ele.

Em1998, ele disputou o campeonato mundial pelo Iraque, mas o desempenho da equipe não agradou Uday, que ordenou a prisão dos integrantes do time de halterofilismo.

?Quando chegamos, o time todo apanhou. Quando saí da prisão (14 meses depois), decidi nunca mais praticar o esporte. Disse também que deixaria o país?, contou o atleta, em entrevista ao Comitê Olímpico dos EUA.

Ahmed viajou para a Jordânia e, em seguida, para os EUA, onde recebeu ajuda do governo por ser um refugiado de guerra. Em 2003, ele se naturalizou norte-americano, se alistou e serviu no Iraque como engenheiro elétrico e tradutor. A carreira militar dele durou dez anos.

“Os americanos me deram abrigo, apoiaram e ajudaram a alcançar bons resultados. Estou feliz”, disse ele.

Ahmed Shafik disputou apenas uma prova na Paralimpíada do Rio, e ficou em 7º lugar. O ouro foi conquistado pelo iraniano Farzin Majid, a prata ficou com Gu Xiaofei, da China e Akhror Bozorov, do Uzbequistão.