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Yane Marques fica sem medalha, mas comemora legado no pentatlo moderno

RIO ? Não foi o resultado esperado, mas se engana quem acha que Yane Marques ficou chateada. A brasileira completou o pentatlo moderno na 23ª posição, 20 colocações abaixo do seu bronze em Londres, mas fez festa no Estádio de Deodoro. Após desabar de cansaço no gramado ao cruzar a linha de chegada, a pernambucana se levantou e correu para a torcida. Ovacionada, acenava e beijava a regata com a bandeira do Brasil. Parecia que havia conquistado o ouro – que acabou com a australiana Chloe Esposito, seguida pela francesa Elodie Clouvel e a polonesa Oktawia Nowacka. Yane comemorava, porém, mais do que um troféu.

Links Pentatlo moderno

? Não saio daqui com a medalha de metal, mas saio com um troféu para a vida inteira. Minha família estasva aqui, muita gente estava acompanhando um esporte até então desconhecido. Se dessa torcida meia-dúzia de crianças acordar na segunda-feira querendo praticar o pentatlo, já vai ser uma vitória. Já sou medalhista olímpica, então não saio triste.

Bronze em Londres-2012, Yane chegou na prova final, o evento combinado de corrida e tiro, na 17ª posição. Largou mais de um minuto depois da líder, e sabia que teria que atirar como um Felipe Wu e correr como um Usain Bolt para sonhar com o pódio. Não deu, mas ela desfrutou do momento mesmo assim.

? As outras atletavas comentavam comigo, “Yane, aproveita, isso tudo é para você”. Fiz o meu melhor. No final corri aproveitando, curtindo. Se tivesse que dar mais 500 voltas no percurso, eu daria.

Uma das atletas mais velhas da prova, aos 32 anos Yane já começa a pensar no futuro. Os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, ainda estão longe, e ela já deixou claro que não vai até o outro lado do mundo a passeio. Ou vai para brigar por medalha ou se aposenta antes.

? Em 2017 eu vou me sentir. Treinar, sentir meu corpo e ver se continuo e tento ir para Tóquio. Para ir ao Japão só para ir, sem ser competitiva, eu não vou. Já escrevi meu nome em muitas páginas. Sou realizada e serei eternamente medalhista.

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Porta-bandeira da delegação brasileira na cerimônia de abertura, Yane acredita que deixa um legado para o pentatlo moderno, esporte com muito pouca visibilidade no país.

? As pessoas agora me reconhecem, falam “você é a menina que corre, nada, monta”. De vez em quando botam uma bicicleta no meio, mas está bom. É um esporte que ninguém conhecia.

QUEDAS NO HIPISMO

Quedas no pentatlo feminino

Composto por provas de esgrima, natação, hipismo, corrida e tiro, o pentatlo moderno premia a regularidade, e tem um grande grau de imprevisibilidade. A competição de hipismo nesta sexta comprovou isso. Várias favoritas caíram, literalmente, do cavalo e chegaram na prova de corrida e tiro já quase sem chances. As medalhistas de ouro em Pequim-2008, Lena Schoneborn, e Londres-2012, Laura Asadauskaite acabaram na 32ª e 31ª posições, respectivamente.

? Vimos campeãs olímpicas indo muito mal. O pentatlo não é matemática ? disse Yane, que também sofreu na prova de hipismo, e apresentou uma explicação curiosa para as dificuldades enfrentadas.

? Os cavalos eram bons demais! Não estou acostumada a montar cavalo bom assim ? disse, rindo.

A cubana Laura Moya protagonizou a queda mais feia da tarde. Ao cair do cavalo, se chocou com um dos obstáculos e ficou deitada, aguardando atendimento médico. Saiu de maca, mas conseguiu se recuperar para disputar a prova de corrida e tiro. Completou a competição no 34º lugar, e deixa o Rio de Janeiro com uma lembrança na pele.

? Fiquei com uma marca grande nas costas ao bater no obstáculo. É uma lembrança que levo do Rio-2016 ? disse, bem-humorada.

A disputa teve uma espectadora ilustre: a russa Yelena Isinbayeva, que acompanhou as provas de hipismo pouco após o anúncio de sua aposentadoria. Isinbayeva foi bastante assediada, e tirou foto com torcedores.