Rio de Janeiro – Quase quatro semanas após a dolorida eliminação contra a Bélgica, nas quartas de final da Copa do Mundo, CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e Tite entraram em um acordo, ontem, pela renovação do treinador.
Em uma série de reuniões desde o começo da semana, as partes concordaram em estender o atual contrato até 2022, transformando Tite no primeiro treinador a seguir no comando da seleção brasileira após uma Copa desde 1978, quando Cláudio Coutinho teve a chance de permanecer mesmo sem a conquista da taça na Argentina.
A renovação, porém, vai inserir Tite em uma nova realidade. Contratado às pressas em 2016, com a seleção ameaçada de não se classificar para a Copa 2018 e com toda a pressão popular contra os dirigentes, o técnico multicampeão pelo Corinthians teve liberdade inédita no cargo, participando da escolha de seu chefe imediato, o coordenador Edu Gaspar, e criando a vasta logística de observações que sua comissão faria nos meses seguintes até o desafio na Rússia.
A ideia da CBF é manter o trabalho, avaliado como positivo, mas tirar a “carta branca” de Tite. Para começar, ele não receberá aumento salarial no novo contrato. Edu Gaspar deve permanecer, com poderes igualmente limitados, assim como a comissão fixa, com os auxiliares Cleber Xavier, Matheus Bacchi e o observador Fernando Lázaro. Outros nomes, como o do ex-lateral Sylvinho, além de parte médica da equipe, ainda terão sua permanência debatida depois que o contrato até 2022 for assinado, o que deve ocorrer em breve.
Avaliação
A renovação, que já tinha sido sinalizada a Tite antes mesmo da Copa do Mundo, premia o trabalho de recuperação da seleção brasileira promovido na gestão do treinador. De ameaçada nas Eliminatórias, em 2016, a equipe passou a favorita à conquista na chegada à Rússia. Na visão da CBF, essa guinada passa muito pelo treinador, que conquistou resultados rápidos e imprimiu outra cara ao time em relação ao que vinha fazendo seu antecessor, Dunga. Por outro lado, a revisão dos poderes de Tite e companhia passa pela avaliação do que foi feito na Copa do Mundo. A queda precoce, nas quartas, expôs decisões da comissão ao escrutínio público. A gestão das lesões, a permanência de jogadores em baixa no time titular, a preparação específica para o jogo contra a Bélgica e, principalmente, o tratamento dado a Neymar, colocaram a comissão em xeque.