RIO E SÃO PAULO – Não foi à toa que Tite pegou um avião e foi ao encontro dos dirigentes da CBF antes de dizer o sim. Queria ouvir pessoalmente do presidente Marco Polo del Nero os próximos passos da entidade. No tête-à-tête entre os dois, Tite ouviu tanto quanto falou. Quis saber se o que acontece extracampo, como o indiciamento de Del Nero pela Justiça dos Estados Unidos, e a prisão domiciliar de José Maria Marin, em Nova York, atrapalhariam.
Recebeu autonomia para montar a comissão técnica e começar o trabalho sem interferência. A CBF ignorou o fato de ele ter assinado manifesto pedindo a renúncia de Del Nero.
A confederação planeja usar o perfil vencedor de Tite para dar nova cara à entidade e à seleção, o que Dunga não foi capaz de fazer dentro e fora de campo. No comitê de reformas, em breve a democratização e o engajamento da torcida brasileira entrarão na pauta do grupo formado para tratar da relação com os torcedores, e Tite terá a função de tentar atrair a simpatia perdida na última Era Dunga.
Além de preencher o requisito técnico para tentar buscar a classificação para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, a começar por tirar a seleção da incômoda 6ª posição, fora da zona de classificação nas eliminatórias, Tite foi escolhido por representar de maneira vitoriosa uma fatia considerável da torcida brasileira. Tanto que, ao ser apresentado ao projeto, sequer teria discutido salário, moradia e etc… Há a possibilidade de o treinador gaúcho morar em Porto Alegre e manter apartamento no Rio.
Tite articulou a contratação de Edu Gaspar, confirmado nesta sexta-feira por Del Nero como novo coordenador de seleções, como antecipou o blog “Panorama Esportivo”. Ele chegou de manhã à CBF e circulou pelo prédio, sendo apresentado pelo presidente aos funcionários. Edu passou bastante tempo no setor de informática, onde organizou o layout que terão as salas de Tite e a sua.
Ex-gerente de futebol do Corinthians, ele assumirá papel de “gerentão”, ajudando Tite do contato com Del Nero. Revelado nas categorias de base do Parque São Jorge, o ex-meia terá a função de fazer o meio-campo com os jogadores.
DESPEDIDA NO ITAQUERÃO
Foi assim desde que pendurou as chuteiras pelo Corinthians, em 2010, e logo depois assumiu o cargo na diretoria. Tinha bom trânsito com o ex-presidente Andrés Sanchez e seus ex-colegas de time. Como jogador, foi bicampeão brasileiro (1998 e 1999) e campeão mundial em 2000, contra o Vasco, ao converter um dos pênaltis, no Maracanã. Também jogou no Arsenal, pelo qual foi campeão inglês, e no Valencia.
Fora de campo, conquistou a Taça Libertadores e o Mundial em 2012 e a Recopa Sul-Americana, no ano seguinte, os três como escudeiro de Tite. A dupla voltará a Itaquera domingo e será homenageada no jogo contra o Botafogo. Os telões exibirão um vídeo, e as camisas, a frase #ObrigadoTite.