O diretor técnico da delegação paralímpica do Canadá, Peter Eriksson, pediu que a classificação de atletas deixe de ser função do Comitê Paralímpico Internacional (CPI) e passe para um órgão independente, nos moldes da Agência Mundial Antidoping (Wada). A declaração do treinador veio com as alegações de manipulação de competidores nos procedimentos de avaliação.
– O CPI está constantemente procurando como melhorar a classificação, mas eu acho que isso deveria ser feito por uma organização similar a Wada. Deveríamos ter profissionais em tempo integral fazendo isso. A classificação deveria ser independente do CPI – comentou Eriksson, que também foi diretor técnico da delegação paralímpica da Grã-Bretanha.
A questão do processo classificatório veio a tona após atletas e treinadores afirmarem que ele pode ser injusto. Eles listaram vários métodos para enganar os classificadores, como se dizer incapaz de utilizar um músculo ou parte do corpo, fingir não ter equilíbrio ou coordenação motora e fazer treinos exaustivos antes da classificação para parecer menos capaz na hora da avaliação.
ATLETA ADMITE FRAUDE
Atletas britânicos revelaram ao The Guardian, da Inglaterra, que tentaram enganar os avaliadores. As revelações vieram após a UK Atlhetics (órgão que supervisiona o atletismo na Grã-Bretanha) afirmar que vai abrir uma investigação sobre o caso.
– Meu treinador realmente me treinou bem forte horas antes da minha classificação para fazer os meus músculos ficarem fatigados até o ponto em que eles falharam – afirmou uma ex-atleta que não quis se identificar.
Ela contou ainda que os classificadores lhe sugeriram participar de uma classe com competidores mais desabilitados, por ter parecido fraca. A ex-atleta, no entanto, se recusou.
– Mais tarde na minha carreira eu me perguntei o que teria acontecido, mas no final eu estou grata pelo meu orgulho e pelo amor que eu tenho por tudo que meu corpo pode fazer, não por menos – disse.
– Para ser honesto, os técnicos não tentam facilitar a vida dos avaliadores. Eles dizem para seus atletas mancarem mais e coisas do tipo – contou um treinador paralímpico da Grã-Bretanha, também não identificado.