RIO ? Único tricampeão olímpico do Brasil, José Roberto Guimarães, que tem títulos com as seleções masculina e feminina de vôlei, diz que, na recheada lista, falta ao menos um ouro: o olímpico em casa. O treinador, que ganhou as duas últimas edições dos Jogos (Londres-2012 e Pequim-2008), usa o ídolo Ayrton Senna, também três vezes campeão do mundo, para justificar a ?gulodice?: Links volei
? Não ganhei tudo, não… Como dizia um dos meus maiores ídolos, ?nada melhor do que ganhar em casa?, frase que o Ayrton Senna usava muito. E essa oportunidade chega agora. Lógico que seria muito bom, mas sei que a estrada vai ser árdua e que a nossa preparação será dia a dia. Essa será a Olimpíada mais difícil da minha carreira ? disse o treinador.
O vôlei, um dos candidatos ao pódio nos Jogos, começa a arrancada rumo ao ouro hoje. E as mulheres serão as primeiras a estrear: a seleção brasileira enfrenta Camarões, estreante em olimpíadas, às 15 h, no Maracanãzinho. A meio de rede Thaísa, que sofreu uma pequena lesão na panturrilha esquerda, é desfalque ? deve atuar apenas na terceira ou quarta rodada do torneio. O masculino começa amanhã.
SEM REDES SOCIAIS
O Brasil, de Zé Roberto, está no grupo A, ao lado de Argentina, Japão, Coreia, Rússia, além de Camarões. A chave B tem EUA, China, Sérvia, Itália, Holanda e Porto Rico. EUA, Rússia e China, times mais fortes da Rio-2016, têm equipes renovadas, mescladas, com menos experiência se comparadas à brasileira.
? Não há coisa melhor do que representar o seu país e jogar uma Olimpíada em casa ainda… Farei o que eu puder para voltar ao pódio. Chegou o momento pelo qual treinamos os últimos quatro anos. Estou ansiosa como da primeira vez ? contou a capitã Fabiana, bicampeã olímpica ao lado da oposto Sheilla, da ponteira Jaqueline e de Thaísa. ? Estou na quarta Olimpíada e não tem como não sentir a ansiedade da estreia. Conheça todos os esportes olímpicos da Rio-2016
Assim, as principais atletas do Brasil se despediram do público nas redes sociais durante a semana para manter o grupo fechado. Contaram também que procuram fazer várias atividades juntas, como almoçar na Vila dos Atletas.
? O clima de Olimpíada é meio mágico, e acho que você tem de viver isso. A partir do momento que fica mexendo nas redes sociais, sai disso. Então tomei essa decisão, a Fabi também gostou e outras meninas farão o mesmo. É para a gente viver esse momento único, que vale muito a pena ? contou Sheilla, que se despedirá da seleção após a Olimpíada, assim como a amiga Fabi. ? O clima está gostoso e harmonioso, talvez como em 2008. Em 2012, a gente começou mais tensa. E, nos dois, fomos ouro, então, não sei se é boa essa comparação porque o chão é longo. Se fosse possível escolher um caminho para chegar ao ouro, já estaríamos no certo.
ESCOLAS DIFERENTES PELA FRENTE
Sheilla diz que não conhece Camarões porque nunca jogou contra o time, mas que a receita numa Olimpíada é olhar para o próprio umbigo. E se a estreia não assunta, Zé Roberto dá a receita para uma ?corrida? perfeita:
? Nosso desafio aqui, ao menos nessa fase, é enfrentar escolas muito diferentes. Temos dois times asiáticos no grupo, que jogam com muita velocidade e sistema defensivo forte. Depois pegamos a Rússia, com bolas altas, outro tipo de jogo, baseado no bloqueio e no ataque. Então, essa adaptação terá de ser bem rápida, sem percalços.
Com as duas seleções entre as melhores do mundo, o Brasil pode ter um time vencedor em casa, algo que não acontece desde 1984, quando os americanos foram campeões com o time masculino em Los Angeles. Na história da modalidade na competição, apenas quatro medalhas foram conquistadas em casa: além dos EUA, as japonesas venceram em Tóquio-1964 e a União Soviética viu seus dois times serem campeões em Moscou-1980.
Outra marca pode ser alcançada: o Brasil, dono de nove medalhas olímpicas, sendo quatro femininas (dois ouros) e cinco masculinas (também dois ouros), pode chegar aos dois dígitos no Rio. Até agora, apenas a extinta União Soviética tem mais de dez títulos (12).