Vencer a Bolívia era obrigação. Jogar bonito, a opção do técnico Tite, que vai dando a sua cara à seleção brasileira, que venceu por 5 a 0, nesta quinta-feira, na Arena das Dunas. Na terça-feira, o Brasil enfrenta a lanterna Venezuela, em Mérida, em jogo que pode valer a liderança das eliminatórias sul-americanas caso vença e o Uruguai, com um ponto a mais após derrotar os venezuelanos, não vença a Colômbia fora de casa. A equipe não terá Neymar, que recebeu o segundo cartão amarelo e está suspenso ? é o quarto dele na competição e a segunda suspensão.
Na terceira partida sob seu comando, Tite tem o que comemorar. Mesmo com quatro mudanças na equipe, por ordem médica, disciplinar e tática, ele viu seu time manter uma padrão de jogo. E já mostrou que Philippe Coutinho tem um lugar nela. Foi a única substituição tática em relação aos dois primeiros jogos. No lugar de William, o meia, que atuou mais como atacante, deu leveza à seleção ao lado de Neymar e Renato Augusto, o escolhido da vez para ser o capitão do Brasil ? em cada jogo um jogador diferente usou a braçadeira.
GRITOS HOMOFÓBICOS
Foi do capitão a primeira boa jogada do time diante da frágil Bolívia. Uma enfiada de bola para Gabriel Jesus, que perdeu o equilíbrio no momento do chute por causa do marcador. Porém, a marcação boliviana não faria frente ao rápido ataque brasileiro. Neymar roubou a bola no meio-campo, avançou, tocou para Gabriel Jesus, que abriu mão do gol para que o camisa 10 fizesse o de número 300 na carreira, aos 24 anos, e o 49º pela seleção, em 73 jogos.
A coletividade já é uma marca de Tite na seleção brasileira. Seja no lance de gol de Neymar, ou no estilo de marcação do Brasil. Ainda que o adversário em questão não desse muito trabalho, a pressão feita pelos homens de frente tem sido fundamental na criação do meio-campo. O técnico tem a seu favor a qualidade dos comandados, como prova o lance de Daniel Alves, Giuliano (substituto do suspenso Paulinho) e Coutinho. Os dois primeiros tabelaram, Giuliano foi à linha de fundo, deixou o defensor no chão e tocou para Coutinho ampliar.
Depois de fazer o seu gol e receber o segundo amarelo, Neymar passou a distribuir passes perfeitos, com os mesmos desfechos: gols. Aos 38, o atacante ficou com a vantagem no meio-campo, em posição de impedimento, e, antes de sofrer mais uma pancada, conseguiu deixar Filipe Luís na área. O lateral colocou a bola entre a trave e Lampe.
Minutos depois, o camisa 10 foi lançado por Fernandinho, em mais uma roubada de bola na intermediária. Neymar caiu pelo meio e com um passe sutil deixou Gabriel Jesus na cara do goleiro. Com um toque de canhota, o camisa 9 marcou o quarto.
O Brasil voltou do intervalo com a goleada configurada. Tite tinha duas opções: tirar o pé para o confronto de terça-feira ou manter o ritmo e ampliar o saldo de gols (era de 11 naquele momento).
Tite escolheu a segunda opção e o Brasil teve algumas chances do quinto gol logo no início da etapa final. O placar, no entanto, dava a tranquilidade necessária para tocar a bola e desfilar categoria, que foi mantida mesmo após as modificações.
E já era suficiente para os gritos de olé e de ?Tite?. O momento ruim foram os de ?bicha?, por grande parte da torcida. Há dois dias, a CBF foi punida em 20 mil francos suíços (R$ 67 mil) por gritos homofóbicos durante cobranças de tiro de meta no jogo contra a Colômbia, em Manaus.
Mesmo assim, deu tempo do quinto gol. E foi com o jogador mais festejado no segundo tempo. O atacante Firmino fez, de cabeça, aos 29, e ouviu os gritos de ?Vai, Safadão?, por causa do rabo de cavalo semelhante ao do cantor Wesley Safadão, sucesso com a música ?Aquele 1%?. No caso da seleção, é 100% Tite.