Chegou ao fim o reinado de 35 anos de Ron Dennis como chefe da equipe de Fórmula-1 McLaren. O executivo, de 69 anos, deixou o posto depois de ter sido informado pelos accionistas, nesta terça-feira, de que deveria renunciar ao cargo de presidente da McLaren Group.
Dennis não planejava sair e disse que estava “desapontado”. Ele chamou os motivos para sua remoção do cargo de “inteiramente espúrios”. O executivo possui 25% do Grupo McLaren. O fundo de investimento Mumtalakat do Bahrein detém 50%, e os 25% restantes pertencem a um parceiro de longa data de Dennis, Mansour Ojjeh, francês nascido na Arábia Saudita.
O agora ex-presidente do grupo McLaren chegou a entrar com recurso na Alta Corte na semana passada, mas acabou sem opção. Ron Dennis deixa o comando, mas vai seguir como membro do conselho da empresa.
O britânico já vinha sendo alvo de muita especulação na imprensa sobre seu futuro na empresa. As críticas dentro da McLaren eram a seu estilo autocrático, centralizador, considerado por muitos e, desacordo com o futuro.
– Meu estilo de gestão é o mesmo que sempre foi e é aquele que permitiu à McLaren se tornar um grupo automotivo e de tecnologia que ganhou 20 campeonatos mundiais de Fórmula-1 e cresceu em um negócio de 850 milhões de libras por ano – disse Dennis.
Segundo ele, os outros principais acionistas “forçaram” a decisão de tirá-lo, “apesar das fortes advertências do restante da equipe de gerenciamento sobre as potenciais conseqüências de suas ações no negócio”.
Dennis foi um dos responsáveis por levar Ayrton Senna à McLaren. O brasileiro ficou na equipe entre 1988 e 1993, período em que conquistou seus três títulos na Fórmula-1 (88/90/91).
FIM DE UMA ERA
Segundo reportagem da BBC, a saída de Dennis é um “movimento sísmico” na Fórmula-1, da qual ele tem sido figura importante desde 1981. Quando assumiu a McLaren, naquele ano, iniciou um processo que fez da equipe a mais bem sucedida, depois da Ferrari, da história da principal categoria do automobilismo. Sob a liderança dele, a McLaren ganhou dez vezes o campeonato de pilotos, com Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna, Mika Hakkinen e Lewis Hamilton. Em outras sete oportunidades, a equipe ganhou o campeonato de construtores.
No entanto, nos últimos anos a McLaren vem perdendo influência e deixando as posições de frente. A temporada de 2015 acabou sendo a pior da história para a equipe inglesa. Muito em função da parceria com a Honda, que entrou na F-1 quando ainda não estava pronta, por pressão da McLaren, cujo contrato com a Mercedes para fornecimento de motores terminara em 2014.
Outro problema que Ron Dennis não solucionou foi a substituição do patrocinador master: a gigante de telefonia móvel Vodafone saiu no final de 2013.