Promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro, Rodrigo Terra diz que a liminar que determina torcida única nos clássicos do Rio de Janeiro segue valendo. Ele pede parceria da polícia no planejamento do campeonato e quer multa milionária para os clubes em caso de incidentes envolvendo as torcidas organizadas.
Confira a entrevista:
Ainda está mantida a liminar da torcida única?
Mantida. Para outros clássicos, até segunda ordem, terá que haver nova decisão.
E está confirmada a proposta do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)?
Sim. Na segunda-feira (hoje) farei um requerimento ao juiz para que os presidentes dos clubes sejam intimados a se manifestarem formalmente sobre as propostas do MP.
Os clubes não concordam com os termos. Cabe negociação?
Claro que cabe. Mas o TAC é o primeiro movimento para criar padrões e proteções indispensáveis, coisa que não está sendo feita e acaba levando a problemas, como marcar uma semifinal em pleno sábado de carnaval.
E como evitar este tipo de problema?
Tem que haver o envolvimento direto das forças policiais no processo de decisão de como será o evento, de maneira que possamos esperar que seja civilizado.
Mas este planejamento dos clubes, Federação e polícia já não é feito?
Se fizessem, não teria semifinal no sábado de carnaval. Nestas audiências das quais participei, fiquei impressionado com a falta de diálogo dos clubes com a PM. Os policiais têm pedido participação durante a definição da tabela e isso levou os dirigentes à indignação.
E como o TAC poderia organizar?
Existem vigas mestras, inegociáveis, como a elaboração de um plano geral para ser pensado antes da competição. E um plano específico de ação para cada jogo. Com a presença de autoridades.
Se não assinarem o TAC, pensaria em novo pedido por torcida única?
A torcida única é uma emergência para que as pessoas não sofram ataque de espeto de churrasco na rua. O direito à vida é a base de tudo. O pedido liminar é até o julgamento do mérito do caso, onde peço que os clubes sejam condenados pelo que está no TAC. Temos que discutir como as organizadas conseguem ingressos e impor acesso exclusivo a elas nos estádios. Medidas óbvias que até hoje se recusam a implementar.
Há indícios de envolvimento dos clubes com as organizadas?
A questão de ingressos é importante, porque é uma forma de financiamento branco das torcidas organizadas e que acabam nas mãos de cambistas. Recebeu de quem, quantos e por qual motivo? Tem a questão de conhecer os integrantes, identificá-los, porque se eles sabem que agem no anonimato, têm a certeza da impunidade.
Não é exagero a multa de R$ 3 milhões aos clubes?
Pode negociar. A ideia é que o torcedor pense duas vezes, porque prejudicará o seu clube. Não pode ser uma multinha boba. Tem que ter impacto.