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Promessa do tênis brasileiro, Thiago Monteiro comemora boa temporada

O treinamento na quadra rápida do Centro de Treinamento Tennis Route, no Recreio dos Bandeirantes, não estava no planejamento inicial de Thiago Monteiro nesta reta final de temporada, que será preenchida por torneios jogados no saibro. Mas a mudança de planos foi motivada pela realização de um sonho, como o próprio atleta descreve. Numa escalada de quase 400 posições no ranking mundial em 2016, o jovem de 22 anos, natural de Fortaleza e 81º na corrida de pontos da ATP em 2016 (começou o ano como 463º), foi convocado a defender o Brasil pela primeira vez na Copa Davis. O adversário será a forte seleção da Bélgica, vice-campeã do torneio em 2015, mas que foi eliminada na primeira rodada na edição deste ano e disputará com os brasileiros o retorno à divisão de elite daquela que é considerada a Copa do Mundo do tênis. Thiago estreia nesta sexta-feira, às 9h, contra David Goffin, nº 14 do mundo.

Para Thiago, que foi nº 2 do mundo no circuito juvenil, mas conviveu com lesões nos primeiros anos como profissional, a temporada tem sido animadora. Após receber um convite no começo do ano para jogar o Rio Open, torneio da categoria ATP 500, o jovem surpreendeu o francês Jo-Wilfried Tsonga, nono melhor tenista do mundo na ocasião, e iniciou, a partir dali, sua arrancada no circuito profissional. Ao longo do ano, derrotou outros nomes importantes do circuito, como Nicolás Almagro e Gilles Simon, ambos ex-integrantes do top 10 mundial, e conquistou, na França, seu primeiro título de nível Challenger. Ao analisar a temporada, o cearense, que desde os 14 anos treina fora de sua terra natal e está há dois anos no Rio, ressalta a importância da vitória sobre Tsonga para a boa sequência de resultados este ano.

? Aquela vitória foi fundamental para mim. Eu sabia que estava bem preparado, mas uma coisa é você ir bem nos treinos e dar trabalho nos jogos. Outra coisa é você ganhar, e aquele resultado me deu uma confiança absurda para a sequência do ano. Essa convocação para a Davis é a realização de um sonho de infância, e farei de tudo para ajudar o Brasil a retornar ao grupo mundial ? frisa o tenista, que integrará a equipe tradicionalmente já formada por Thomaz Bellucci, que enfrenta Steve Darcis no segundo jogo da sexta-feira, e a dupla formada Bruno Soares e Marcelo Melo.

De negativo no balanço do ano, fica apenas o fato de o tenista não ter se classificado para chave principal de um Grand Slam. Por isso, a principal meta para o restante do ano é manter bom desempenho nos torneios de nível Challenger, visando a classificação direta na edição de 2017 do Australian Open, o primeiro dos quatro majors do ano. Ele projeta que os 90 melhores do mundo terão vaga direta (a chave conta 128 tenistas, mas as últimas vagas são reservadas para convites e tenistas que passam pelo qualificatório). Por isso, manter-se bem na reta final da temporada será fundamental. 201609022114364511.jpg

Em 2009, antes mesmo de comemorar o aniversário de 15 anos, Thiago saiu de Fortaleza para jogar no centro de treinamento de Larri Passos, técnico de Guga por quase toda a carreira, em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Em 2014, aos 20 anos, mudou-se para o Rio e passou a treinar na Tennis Route, com o técnico Duda Matos. O calendário de competições, confessa, é sacrificante, tanto que Thiago só conseguiu ir para Fortaleza no começo de setembro.

? Foi a primeira vez que voltei para casa desde que a temporada de recomeçou. Como treino no Rio, é difícil ir para lá mesmo quando estou no Brasil, mas tem valido a pena. Minha família sempre me deu suporte para permanecer no esporte ? relata o tenista, que se apaixonou pelo tênis vendo o irmão mais velho jogar. A saída de Fortaleza, conta, foi indispensável para sua evolução ? Chegou um momento que todas as pessoas que jogavam comigo saíram de lá. Uns foram para os Estados Unidos, outros para o Sul ou Sudeste do país, onde temos os principais centros de treinamento. Com 14 anos, tive que fazer o mesmo.

Depois da participação na Copa Davis, o foco do tenista será nos toneios de nível Challenger na América do Sul, todos no saibro, piso onde o Thiago conquistou os melhores resultados da carreira. Para o técnico Duda Matos, a meta é que o jovem feche o ano no top 80. O treinador relata que um dos principais trabalhos com o tenista foi na parte física, para que a temporada de 2016 não fosse interrompida por lesões, como ocorreu nos primeiros anos de Thiago como profissional.

? A gente trabalha muito em conjunto. Nosso preparador físico, Alex Matoso, e nosso fisioterapeuta, Paulo Roberto Carvalho, estão fazendo um trabalho de primeira linha com ele. Eles fizeram vários exercícios de rotina para que ele evite ao máximo qualquer lesão ? conta Duda, que não se surpreende com a ascensão de Thiago em 2016. Para ele, as vitórias sobre nomes importantes do circuito masculino foram consequência de uma evolução que precisava ser testada em torneios maiores.

? Quero continuar trabalhando como sempre fiz: um dia de cada vez. É claro que é inevitável pensar grande, todo mundo quer ir longe nos grandes torneios, mas 2016 tem sido bom porque trabalho forte sem tirar os pés do chão. Quero consolidar esse crescimento nos próximos anos, sonhando alto, mas sem atropelar etapas ? projeta.