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Prata encerra trajetória dramática de Diego Hypólito em Jogos Olímpicos

RIO – A emoção demonstrada ainda nas provas eliminatórias de solo na Rio-2016 mostram o peso que os Jogos Olímpicos representavam na carreira vitoriosa de Diego Hypólito. Bicampeão mundial da prova em 2005, quando estava recém recuperado de uma lesão na tíbia da perna direita, e em 2007, o ginasta nascido em Santo André (SP), colecionava bons resultados nas principais competições da modalidade, como 16 medalhas em etapas de Copa do Mundo, mas vivia um calvário em Olimpíadas que o fez chegar desacreditado à competição em um esporte no qual os atletas costumam atingir o ápice da carreira mais jovens. Ele foi o primeiro atleta brasileiro civil a conquistar um lugar no pódio nestes Jogos Olímpicos. O também brasileiro Arthur Nory, bronze na prova, é sargento do exército.

Diego Hypólito era uma das esperanças brasileiras de medalha já em Pequim-2008 quando, na final, uma queda na aterrisssagem após o último movimento da apresentação descontou 0,800 ponto de sua nota final. Com 15,200, o ginasta brasileiro ficou fora do pódio e acabou na sexta posição. Quatro anos depois, em Londres-2012, ele sequer chegaria à final. Ainda na eliminatória, ele não conseguiu atingir a altura ideal para um salto mais difícil, o que impediu que ele completasse a rotação no ar de modo adequado: ele caiu com o rosto no chão. Na ocasião, viu Arthur Zanetti surpreender nas argolas e conquistar a primeira medalha da modalidade para o país: um feito que o público sempre acreditou que o destino reservasse a ele.

Em 2013, o ginasta viveu um dos momentos mais dramáticos de sua carreira: dispensado do Flamengo após 19 anos, quando o rubro-negro anunciou o fim da modalidade, ficou sem clube para treinar e com salários atrasados. O problema só foi solucionado um ano e meio depois, quando foi contratado pelo Asa/São Bernardo. Neste período, precisou enfrentar o fantasma da depressão e tomou medicamentos para poder dormir. Chegou a ser internado, manteve o fato em sigilo na época e, mais tarde, revelou ter feito três anos de análise após o desempenho que teve em Pequim-2008.

No Rio, Diego Hypólito foi seguro desde o início. Conseguiu cravar em todos os movimentos e chegou à final com a segunda melhor nota: 15.500, apenas 33 pontos atrás do fenômeno japonês Kohei Uchimura, de apenas 19 anos, o grande nome do esporte na atualidade. Mas, se o imponderável atuou contra em Pequim e Londres, em casa, ele estava ao lado do brasileiro. Diego viu Uchimura errar e perder pontos preciosos com aterrissagens fora da área de competição. Ele sabia o que precisava fazer e assumiu a liderança com a nota 15033. Precisou apenas acompanhar as apresentações dos rivais seguintes e torcer.

Segredos Olímpicos: Ginástica

Diego Hypólito chegou ao Rio de Janeiro ainda criança, quando a família mudou-se para a cidade. Ele se aproximou do esporte no Flamengo, onde começou a treinar, aos sete anos, por insistência da irmã Danielle Hypólito, e se especializou no solo. Quando começou a se destacar, os grandes resultados do esporte no país eram obtidos pelas mulheres, com a irmã Danielle e a gaúcha Daiane dos Santos. Para quem acha que este é o momento de terminar a carreira por cima, o ginasta alertou: pretende continuar até, pelo menos, a próxima edição dos Jogos Olímpicos: Tóquio-2020. Ele já mostrou que não é mesmo de desistir facilmente.