NATAL – Menino prodígio do Rocha, na Zona Norte do Rio, Philippe Coutinho aprendeu a conviver com as altas expectativas criadas sobre seu futebol e também com frustrações pelas confirmações não virem tão rápido quanto esperado. Entre altos e baixos, ele parece ter sempre encontrado uma maneira de sair por cima. Aos 24 anos, tudo indica que, com Tite, chegou a vez de o meia se estabelecer definitivamente como titular da seleção brasileira. Seleção brasileira e Tite em 8 de outubro
Na terça-feira, às 21h30m, contra a Venezuela, em Mérida ? para onde a delegação brasileira viajou no domingo?, ele foi deslocado da direita para a esquerda, numa difícil missão: preencher o espaço de Neymar, suspenso por cartões amarelos. O atacante do Barcelona é um velho conhecido de Coutinho, com quem joga desde os 15 anos. Numa era pré-selfie, os companheiros de base da seleção gravaram para a eternidade uma foto tirada diante de um espelho.
? Eu fico feliz de lá atrás termos jogado juntos e hoje, aqui na seleção, estarmos vivendo esse ambiente, o que sempre foi o nosso sonho. E, é claro, a gente quer conquistar coisas importantes ? disse Coutinho ao GLOBO, já sabendo da realidade que terá em Mérida. ? Neymar é um dos melhores do mundo, faz falta a qualquer seleção, mas a gente tem que aprender a jogar sem ele.
Com Neymar, Coutinho teve uma experiência decepcionante ainda jovem, na eliminação brasileira na primeira fase do Mundial Sub-17, na Nigéria, em 2009. Goleiro titular da seleção, Alisson também estava no grupo comandado pelo técnico Lucho Nizzo, além de Casemiro ? que, lesionado, foi cortado dos jogos contra Bolívia e Venezuela. Dois anos depois, veio o título mundial, mas sem Neymar. Na Colômbia, com Ney Franco, Coutinho conquistou o Mundial Sub-20 de 2011, na seleção que tinha ainda os selecionáveis Oscar, reserva na terça-feira, e o mesmo Casemiro.
INTER DE MILÃO AOS 16 ANOS
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O Tite é um treinador que tenta fazer com que todos se sintam importantesEsse é apenas um dos exemplos de expectativa, frustração e volta por cima na vida de Coutinho, que foi contratado ainda com 16 anos pelo Inter de Milão, da Itália, quando nem havia atuado pelos profissionais. Como não tinha idade para a transferência, ele seguiu por dois anos no Vasco, que o revelou, e jogou com Fágner e Rafael Carioca, hoje seus companheiros na seleção.
Recém-transferido para o Inter, ele foi convocado pela primeira vez para a seleção principal há seis anos, em outubro de 2010, quando Mano Menezes promovia jovens como Neymar e Ganso, no rastro da saída de Dunga após a eliminação na Copa do Mundo da África do Sul. Coutinho jogou apenas o primeiro tempo da vitória sobre o Irã por 3 a 0 e passaria quatro anos sem voltar a ser chamado ? ficou ausente, inclusive, dos Jogos de Londres, em 2012. Mas teve atenção de um torcedor especial. Na época, Tite era treinador do Al-Wahda, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, justamente o local onde foi disputado aquele amistoso. Seleção se despede de Natal
O técnico da seleção é um fã confesso do jogador, que tentou trazer ao Brasil em sua época de Corinthians. Na seleção, após tirar Coutinho do banco para entrar no segundo tempo em seus dois primeiros jogos, promoveu o meia a titular contra a Bolívia no lugar de Willian ? que, no domingo, em Natal, treinou como titular, assim como Paulinho. Mesmo quando foi reserva, ele não se sentiu desprestigiado.
? O Tite é um treinador que tenta fazer com que todos se sintam importantes. Ele sempre conversa com quem não entra. Quando aparece a oportunidade, o jogador está confiante ? explicou Coutinho.
O momento na seleção, para onde voltou a ser chamado após a Copa de 2014, lembra a trajetória de Coutinho na Europa. No início, sua passagem tímida no Inter de Milão dava a impressão de que sua carreira não decolava como esperado. Um empréstimo para o Espanyol, da Espanha, em 2012, parecia uma queda de status, mas ele se destacou e um ano depois estava no Liverpool, onde hoje é titular e ídolo.
