Atleta já acostumada às adversidades do esporte depois de competir profissionalmente na natação e passar pelas desgastantes provas para triatletas, a médica ortopedista Mariana Cristina Fonseca Kawai, de 42 anos, viverá uma experiência nova neste sábado, quando participará de sua primeira ultramaratona aquática. Será na 1ª Ultramaratona Aquática do Rio Itapanhaú, em Bertioga (SP).
“Já fiz maratonas aquáticas, de 10 quilômetros, mas os 15 quilômetros da ultramaratona será a primeira vez que vou competir, apesar de já ter atingido essa metragem em treinos”, diz a nadadora, que mora em Cascavel há quatro anos e nada pela equipe da Associação Atlética Comercial.
Naturalmente preparada
Mariana foi nadadora profissional dos 10 aos 23 anos, nadando pela Associação Esportiva São José, em São José dos Campos (SP). Lá, ela foi companheira de equipe das atletas olímpicas do Brasil Fabíola Molina e Paula Roberta Aguiar.
“Durante bons anos tivemos um dos melhores revezamentos 4x100m do País. Eu era uma nadadora completa, disputava provas de costas, peito, borboleta e crawl, mas meus treinadores falavam que um dia ia entender que nasci para maratona e ultramaratona”, lembra Mariana. “Provavelmente pelo biótipo, fisco e predisposição, nado bem longas distâncias”, tenta explicar.
O fato é que naturalmente ela migrou para as provas de maior distância na natação: “Maratonas aquáticas [10 km] foram só três [participações], mas como eu vinha do triatlo, já vinha fazendo maratonas maiores durante os treinos. Minha preparação já estava focada em longas distâncias”.
Fatores extratreino
Para enfrentar os 15 km da prova de Bertioga, Mariana tem mesclado seus treinos em águas abertas e piscina, sempre simulando uma situação real, nadando com roupa de borracha específica, por exemplo. “Na preparação fiz treinamentos nas Marinas, no Reassentamento São Francisco e mar em Fortaleza [Ceará], durante as férias, há três semanas”, explica a nadadora.
Para Ultramaratona Aquática do Rio Itapanhaú, ela diz que o foco é terminar a prova. “O tempo de conclusão nunca foi problema para mim. Talvez a idade traga isso. Eu entro quase que numa meditação, então pode ser que leve uma, duas, três, quatro horas… chego a nadar de olhos fechados, mas sempre atenta ao pace [ritmo] para ver se não estou indo forte demais, que é o mais importante. Verifico também para saber quando é o momento certo de hidratação e alimentação, que têm que ser feitas dentro da água, sem tocar nem subir no caiaque. O tempo é prioridade, mas não a número um. O mais importante é conseguir acertar a força exercida com o tempo que vai ser gasto e a energia que está sendo ingerida na hidratação e na alimentação. Isso tem que ser balanceado, porque é preciso terminar a prova e não são alguns metros, são muitos quilômetros”, diz Mariana na prova que tem limite de cinco horas para ser concluída e na qual pode enfrentar condições ambientais (maré, marola, vento, salinidade da água) que influenciam a todos os participantes no tempo de conclusão.
Dicas importantes
Experiente profissional da natação, Rui Comin, técnico de Mariana Kawai no Clube Comercial, deu dicas importantes à atleta para sua primeira ultramaratona. “Ele me ensinou muito nesses quatro meses de preparação, como o que ingerir para não interferir no desempenho na prova, para não distender, não interferir no intestino e não dar refluxo. Porque uma coisa é se hidratar e alimentar enquanto se está correndo, outra coisa é quando está deitado”, explica Mariana.