RIO ? As cinco medalhas de Simone Biles no Rio-2016, quatro de ouro, confirmaram a previsão de um novo fenômeno americano em Jogos Olímpicos. Tamanho protagonismo no esporte fez a americana, aclamada pela técnica e pela explosão das piruetas, parecer unanimidade entre os milhões de espectadores ? até aqui. Em entrevista à AFP, o presidente da Federação Internacional de Ginástica Artística, o italiano Bruno Grandi, julgou os movimentos artísticos da ginasta “forçados”.
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Na avaliação dele, na final do solo, mereceria o topo do pódio a compatriota de Biles, Aly Raisman ? cuja apresentação, premiada com a medalha de prata, teria sido “mais artística”, enquanto a da multicampeã, “mais acrobática”.
? Os atletas fazem as acrobacias, e é preciso fazê-las. Mas é ginástica artística, não apenas acrobática. A única coisa que não concordei com os juízes é que, para mim, a segunda americana [Aly] foi mais artística que a primeira [Simone], que foi acrobática ? disse o presidente, que ressaltou se tratar de uma opinião, não uma crítica aos árbitros do esporte.
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Grandi ressalvou que Simone é dotada de uma “elevação espetacular” e que não poderia negar que a ginasta é um fenômeno. “Ela é quase uma bomba”, elogiou. Questionado se faltava elegância à performance da campeã, explicou que “o senso do artístico” estaria ligado à personalidade e à morfologia, em que levariam vantagem as atletas mais altas na tarefa de “segurar e manter o corpo”.
? Toda vez que ela procura os movimentos artísticos, eles parecem um pouco forçados. Quando eu me tornei presidente, tentei manter o esporte dentro da sua termologia: ginástica artística. Mas ela ganhou, ela não roubou ? afirmou o chefe da modalidade, à frente da federação há 20 anos e prestes a deixar o cargo, ao fim de 2016.
Embora Simone e o japonês Kohei Uchimura ? ouro no individual geral entre os homens ? representem, na opinião de Grandi, o máximo da ginástica atual, ele descarta que o protagonismo seja definitivo. A seu gosto, a mais bela ginasta a pisar na arena do Rio-2016 viria do outro lado do oceano: Sanne Wevers, da Holanda, que destronou a americana ao vencer a final da trave.
? A holandesa foi muito mais estética na trave [que a americana] . Foi a mais bela ginasta que pudemos ver por aqui. Foi verdadeiramente a ginástica artística na trave, em que o equilíbrio domina todos os outros aspectos.
