CHAPECÓ (SC) – O radialista Fábio Schardong passa os últimos dias no aguardo da chegada do corpo do irmão, o também jornalista Fernando Doesse, morto na tragédia envolvendo o avião da Chapecoense na Colômbia. Logo após as primeiras informações sobre o acidente serem divulgadas, Fábio foi para o trabalho e, ao longo do dia, acompanhou ao vivo a confirmação de cada morte.
– Eu estava em casa quando recebi a primeira notícia sobre o acidente. Durante o dia fui para o rádio e tive a confirmação da morte dele enquanto trabalhava – conta Fábio.
Ambos apaixonados pela rádio, Fábio sofre agora com uma separação dupla: perde o irmão quatro anos mais velho e o colega de trabalho, com quem dividiu os microfones desde que ingressou na profissão da radialista, há cerca de 30 anos.
Naturais de Ibiruba, no Rio Grande do Sul, escolheram Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, como cidade do coração, onde construíram família e amigos. O amor pelo município e pelo clube era tanto que a família decidiu que o corpo do radialista não será levado para sua cidade natal. Após o funeral, será sepultado na cidade que dá nome ao clube do coração.
– O Fernando dizia que o time da Chapecoense e a cidade é que haviam adotado ele e não ao contrário – recorda o irmão.
De acordo com Fábio, há 11 anos ele e o irmão noticiavam as conquistas da Chapecoense para os ouvintes da cidade e região. Fernando era narrador dos jogos do time e acompanhava todas as viagens do clube.
– Nos últimos dias a gente nem tinha conseguido conversar direito. Ele estava direto viajando com a Chapecoense porque narrava todos os jogos – acrescenta o irmão.
Fernando, uma das 71 vítimas do acidente que faleceram, tinha 48 anos. Ele deixa a esposa, duas filhas de 28 e 21 anos, e um neto de 11.
– Não estou em conseguindo refletir direito sobre essa perda, mas com certeza ficará a saudade dele, que além de irmão era meu colega de profissão – finaliza Fábio.