info-cirurgia ginasticaA ginástica, modalidade que teve desempenho destacado no Rio-2016, com três medalhas, inicia o ano atrasada, mas com atletas recauchutados e novo coordenador. Os ginastas passaram por cirurgias para corrigir lesões ou amenizar dores. E teve de tudo: Diego Hypólito, prata no solo, operou a coluna para reforçar vértebras; Arthur Zanetti, prata nas argolas, operou o tendão do ombro esquerdo; e Arthur Nory, bronze no solo, precisou de interferência no pé direito para interromper as dores na aterrissagem e no ombro direito por causa de um rompimento parcial do tendão.
A lista dos recauchutados inclui cerca de 15 atletas e só não foi maior porque alguns, como Flávia Saraiva, ganharam descanso longo para evitar estresse.
? É um esporte com alto risco de lesão porque mexe com potência, força, movimentos acrobáticos. O mundo inteiro faz a mesma coisa, limpa os ginastas para um novo ciclo. O Diego faz cirurgia como quem escova os dentes. Até porque tenta colocar mais dificuldade nas suas apresentações ? disse Jorge Bichara, gerente de performance do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que aposta em Marcos Goto, que treina Zanetti, para coordenar as seleções.
Segundo Bichara, Goto, que ao lado de seus atletas conquistou três medalhas no Rio-2016 além do ouro, com Zanetti, em Londres-2012, já propôs mudanças para o feminino, que passou em branco nos Jogos.
Ele quer mudar estratégias de treino, controle de peso, processo de avaliação, e, em função do novo código de pontuação da Federação Internacional de Ginástica, pediu maior aproximação do comitê técnico da Confederação Brasileira de Ginástica nas decisões das apresentações. Até na estrutura física do Centro de Treinamento, que volta a funcionar na Barra da Tijuca (foi desmontado para os Jogos), deu pitaco: sugeriu nova montagem do piso elevado para o solo e pista de saltos para maior absorção de impacto.
? Buscaremos o melhor aproveitamento da regra na montagem das séries, algo que o masculino fazia mais do que o feminino ? conta Bichara, que criou desconforto entre as profissionais do feminino. ? Sei que a mudança é polêmica e não agradou. Mas queremos tentar, vamos ver o que acontece.
Goto, que continua no clube São Caetano, terá outros técnicos na seleção: Francisco Porath Neto e Iryna Ilyashenko se mantêm no feminino, e Cristiano Albino, no masculino. Esse time ainda vai crescer e contará ainda com clínicas pontuais com especialistas estrangeiros.
? É um desafio, e acho que posso acrescentar às seleções. Terei muita gente boa ajudando, será um trabalho de equipe ? declara Goto, que nega atraso na preparação do ano, já que o masculino terá a primeira competição internacional apenas em maio. ? Os ginastas estão voltando aos poucos. Diego, por exemplo, estará zerado em junho. O Zanetti fica 100% antes, em abril. As cirurgias são ajustes.
A DOR DE GEORGETTE
Zanetti disse que se livrou dos remédios para dor e ganhou melhores condições de treino.
? Poderei chegar a Tóquio na minha melhor forma, terei 30 anos, o auge da força para o homem. Vou para ganhar a terceira medalha olímpica, algo que nunca aconteceu na história das argolas.
Georgette Vidor, coordenadora do feminino desde 2009, disse que a proposta é uma incógnita, mas entende que mudanças eram necessárias:
? Como coordenadora, fui a maior culpada pelo feminino não ter ganho medalha no Rio. Assumo o fracasso e entendo que era preciso oxigenação. Mas acho que alguém do feminino deveria pensar no feminino. É muito diferente ? declarou Georgette, que sofreu ao entregar a mala com os collants das ginastas. ? Eu lavava tudo na minha casa. Se deixar na mão das atletas, vão perder ou estragar. Ou talvez esse seja o momento de amadurecerem.
Ela deve trabalhar na caça à novos talentos e na capacitação de treinadores.
? Só acredito vendo ? desabafou Georgette, já que o convite só será feito se a Caixa Econômica Federal acertar a renovação de patrocínio com a CBG para o próximo ciclo olímpico.
Nos últimos quatro anos, a Caixa investiu cerca de R$ 25,5 milhões.