Esportes

Exposição reúne medalhas, troféus e objetos da família Grael durante os Jogos

Preben, Lars e Torben no Aileen.jpgRIO ? Torben Grael fez uma pausa no trabalho de coordenador-técnico da equipe de vela do Brasil na terça-feira para ir rapidamente a Niterói. A cidade, que recebeu a tocha olímpica naquele dia, ganhou também os ajustes finais de uma exposição que conta a trajetória da família mais vitoriosa da vela brasileira. Ao chegar na sala de exposições, o bicampeão olímpico olhou com calma a foto de seu avô, Preben Schmidt, patriarca do clã. Mais adiante, se deparou com uma imagem sua bem moço.

? Tá errado aqui ? falou o medalhista olímpico em busca de alguém da produção da mostra “Grael ? Amor pelo mar”, que abre ao público na sexta-feira, dia da cerimônia de abertura da Olimpíada.

Sem retorno, raspou com a unha uma letra “i” que sobrava no sobrenome que herdou da mãe, Ingrid. A legenda dizia Torben Schimidt Grael.

? Agora sim.

No salão seguinte, ajustou uma das peças da miniatura do Brasil 1, veleiro no qual deu a volta ao mundo em 2006. Circulou pela sala que exibe as sete medalhas que ele e o irmão mais novo, Lars, conquistaram nos Jogos Olímpicos. Experimentou os óculos de realidade virtual que recria a experiência de velejar com eles sentado em um barco levado para a exposição. Por fim, pegou pelo braço o rapaz da produção para um último recado:

? Tem que dar mais espaço para o projeto Grael.

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PROJETO COMPLETA 18 ANOS

O projeto que ensina crianças e adolescentes de baixa renda a velejar é orgulho n a família. Em 2016, completa 18 anos com a marca que de ter recebido 14 mil jovens.

? Acho que é um número muito impactante em um país que tem tão pouca cultura náutica. A gente quer difundir a vela no Brasil. Temos essa preocupação em perpetuar a tradição não só na família. Poder deselitizar ou democratizar a vela talvez seja o nosso maior legado, que vem numa fase pós-olímpica ? diz Lars Grael, medalhista em Seul-1988 e Atlanta-1996.

Não será surpresa se um dos jovens do projeto começar a brigar por vagas no próximo ciclo olímpico, diz Torben. No último domingo, Lars foi pentacampeão sul-americano da Star com Samuel Gonçalves, com quem venceu o mundial da classe no ano passado. O proeiro aprendeu a velejar na escolinha de vela da família Grael.

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? Uma das razões do sucesso da vela brasileira é a boa estrutura de clubes que têm no país. Mas a capacidade dos clubes tem limite. A questão é que em outros países, como a França, você tem muito acesso ao mar, muita escola de vela pública. No Brasil, isso não existe ? argumenta Torben. ? São iniciativas como o projeto Grael que podem mudar esse paradigma.

A principal sede do projeto fica em Niterói, cidade que o Preben decidiu viver quando se mudou para o Brasil, em 1924. O município também foi escolhido por alguns atletas como hospedagem durante a Olimpíada.

? Niterói já está habituada (a acolher atletas). Faz parte da rotina dos clubes receber velejadores internacionais, de competição ou que estão dando a volta ao mundo. Niterói é sempre referência de parada. Não é novidade para a cidade, que tem essa coisa de ser boa anfitriã. E nessa oportunidade olímpica foi muito legal. Chegamos a ter 500 atletas estrangeiros aqui. Tivemos alguns probleminhas, é verdade, mas de um modo geral as pessoas estão saindo com uma impressão boa ? diz Axel Grael, irmão mais velho de Lars e Torben, que é vice-prefeito da cidade.

BARCO ESCULPIDO PELO AVÔ

Quem cativou o desejo pela difusão da vela nos irmãos Grael foi o avô Preben, um dos precursores do esporte no país. Seus filhos Axel e Erik Schmidt, tios de Torben e Lars, disputaram os Jogos da Cidade do México-1968 e Munique-1972. Já eram tricampeões mundiais na Snipe, antes mesmo da seleção de futebol conquistar o tri em 1970 ? detalhe que consta em suas biografias na exposição.

A geração seguinte foi a que trouxe as medalhas olímpicas, que estão expostas em Niterói . Na mesma sala, estão as fotos dos filhos de Torben. Marco e Martine Grael vão estrear nos Jogos no Rio. Também estão exibidos outras honrarias, como os troféus conquistados por Torben na Volvo Ocean Race, em 2006, com o Brasil 1, e n o Hall da Fama, em 2009. Há um exemplar da tocha olímpica carregada pelos irmãos em Atenas e uma réplica em miniatura do Aileen, o veleiro do avô Preben:

? Ele esculpiu esse barco com as próprias mãos. É talvez o objeto mais especial da exposição ? conta Lars. ? E também fico emocionado quando vejo a foto dos meus pais. Dá uma saudade profunda.

SERVIÇO

A exposição “Grael — Amor ao mar” reúne também depoimentos de velejadores e personalidades do esporte brasileiros, como Robert Scheidt e Gustavo Kuerten, e outros objetos da família Schmidt Grael. Um painel interativo permite que o visitante tire uma foto com uma medalha olímpica no peito. A imagem é enviada automaticamente por e-mail. A mostra é realizada no Centro Cultural Correios em Niterói (Avenida Visconde do Rio Branco, 481). A entrada é gratuita. Informações pelo telefone: (21) 2622-3200.