Esportes

Época de colecionar figurinhas

Apenas quem já realizou tal atividade com sucesso sabe a satisfação que é colecionar e completar um álbum de figurinhas. Em época de Copa do Mundo, o número de aficionados pelo passatempo aumenta sobremaneira e isso não é difícil de ser constatado. Basta ter alguma criança ou adolescente na família ou passar em frente a praças públicas aos domingos à tarde. Em Cascavel, o ponto de encontro para troca de figurinhas é a Praça do Migrante.

Dezenas de pessoas se reúnem no local todo fim de semana. Das 14h às 18h a movimentação de pessoas é grande em busca de cromos, o que faz com que lá seja um ponto de encontro para colecionadores de todas as idades.

O aposentado Orestes Suchodolak, de 66 anos, é um dos que “batem ponto” todo domingo à tarde na Praça do Migrante em época de Copa do Mundo. Ele coleciona para satisfazer um sonho de infância e também para reforçar a renda familiar.

“Comecei a colecionar em 2006, depois que me aposentei. Colecionar era uma vontade que eu tinha quando era criança, mas à época eu não conseguia ter álbuns porque eu era de família pobre e meu pai não me dava dinheiro para comprar. Agora pra compensar faço coleção de tudo o que é tipo de figurinhas. Tenho vários álbuns desde 2006, quase todos do Campeonato Brasileiro, mas em ano de Copa há mais colecionadores”, explica Orestes, que fez do passatempo uma profissão ao criar uma empresa para poder comprar figurinhas diretamente da editoria oficial para poder revendê-las.

“O pacote fechado custa R$ 2 e contém 5 figurinhas, o que faz com que cada unidade custe R$ 0,40. Eu também vendo figura solta por R$ 0,50, mas há as prateadas, que são os escudos, que são mais caras porque são diferenciadas, mais difíceis de conseguir”, explica o aposentado, que abre cerca de 500 pacotinhos por dia e monta suas próprias embalagens para revendê-las sem repetição.

A mais difícil

Colecionador profissional que diariamente manipula cerca de 2.500 cromos do álbum da Copa do Mundo 2018, o aposentado Orestes Suchodolak revela que a figurinha mais difícil de ser encontrada é a de um brasileiro que não irá a campo com a camisa da seleção na Rússia: “A mais difícil é a figurinha do Pelé, a penúltima do álbum, que está na sessão das lendas das Copas por ser o jogador com o maior número de vitórias na competição”, diz o aposentado, que diz ter o cromo do Rei sobrando: “hoje eu tenho, mas amanhã posso não ter mais. O primeiro que chega sempre leva”, diz Orestes, que separa figurinhas pelo WhatsApp (99980-5962) para os interessados em completar o álbum.

De filho para pai

A atividade de colecionar figurinhas é costumeiramente repassada de pai para filho, mas não no caso do pai de família Augusto de Andrade, que é “levado” pelos filhos à Praça do Migrante para trocar figurinhas em Cascavel.

“Sempre gostei de futebol e colecionei o álbum da Copa de 1982, depois não colecionei mais. Hoje foi o meu filho mais velho que me trouxe aqui para trocar figurinhas para tentar completar seu álbum”, brincou Augusto enquanto o filho de 10 anos de idade fazia a conferência em sua lista de cromos faltantes ao lado do irmão mais novo, de apenas 4 anos, no último domingo.

“O mais velho já colecionou o álbum da Copa de 2014 e à época já vínhamos aqui trocar figurinhas. O mais novo havia acabado de nascer e hoje tenta entender o que está acontecendo, o que é álbum, troca e coleção. Ele ainda é muito novinho pra entender”, continua Augusto, que vê o passatempo como uma atividade que envolve toda a família e também ajuda no desenvolvimento social dos filhos.

“A coleção envolve também toda a família, inclusive o pai e a mãe. Nós combinamos quantas figurinhas ele vai comprar e impomos um limite de gasto, dizendo para ele que se for bem na escola e tirar notas boas terá direto a mais. Isso para ele valorizar a conquista de completar o álbum. Os amigos dele, os primos, os colegas de escola estão todos nessa onda de trocar figurinhas, então há uma interação e a troca de figurinhas facilita a comunicação, o contato entre os colecionadores”, explica o pai, que está sempre presente.

 

Quanto custa completar o álbum da Copa 2018?

Disponibilizado desde a Copa de 1970, o álbum de figurinhas dos mundiais é pela italiana Panini e conta na edição de 2018 com 682 cromos, contra 640 da edição de 2014. Mas para os colecionadores, quanto custará completar o álbum deste ano?

O Cuponation, plataforma de descontos online pertencente à alemã Global Savings Group, aponta que para conseguir completar a nova edição, com base no método estatístico de Monte Carlo, levando em conta o número de cromos repetidos e ainda sem incluir a troca deles entre amigos, custará pelo menos R$ 1.938, valor 115% mais alto desembolsado pelo consumidor para completar a edição de 2014, aproximadamente R$ 901,05.

A plataforma de descontos também estima que para conseguir todos os 682 cromos seja necessária a compra de pelo menos 969 pacotes de figurinhas, ou 68 pacotes a mais que a última edição, quando o pacote com 5 cromos custava R$ 1, metade do valor deste ano.

Hoje o valor final pode parecer absurdo, mas a tradição de colecionar que pode ser rentável no futuro: uma réplica do álbum da Copa do Mundo de 1970 com os 288 cromos pode sair mais de mil reais em um dos marketplaces mais populares do Brasil.