Vila Paralímpica é assim: a mecânica é tão requisitada quanto o restaurante. Nos dias que antecederam a competição, foram os serviços mais requisitados. Até ontem, foram mais de 860 serviços prestados
? É a oportunidade de dar uma ajeitada no material, para se preparar para a competição. Foram dias bem movimentados ? conta Thomas Pfleghar, diretor técnico da Ottobock no Brasil, empresa que tem uma oficina mecânica dentro da Vila desde os Jogos de Seul, em 1988.
Segundo Pfleghar, os serviços mais requisitados, cerca de 90%, são os relacionados às cadeiras de rodas, como trocar eixo e rolamento, costurar o encosto, reparar a almofada, desempenar rodas, entre outros. Cerca de 10% dos trabalhos são com as próteses e órteses, como trocar um joelho, pé, novo encaixe, entre outros. Os trabalhos, geralmente, demoram de um a dois dias, e a prioridade é para quem tem competição no dia seguinte. Os outros entram na fila.
Ele contou que as seleções brasileiras de basquete em cadeira de rodas foram em peso à oficina.
No estoque, além de rodas, câmaras, há mais de 40 tipos de pés de fibra de carbono, com rigidez diferente, para atender os mais de 4 mil atletas dos Jogos Paralímpicos. São 20 toneladas de material e equipamento, como um forno infravermelho para aquecimento de plástico, duas máquinas lixadeiras e soldas. Num armário à prova de fogo ficam armazenados os produtos químicos.
? Quando não tem como reparar uma prótese, damos uma nova. E isso já aconteceu aqui no Rio principalmente com atletas que são de países mais carentes ou em desenvolvimento. Esses dias mesmo, um atleta tinha um material tão ruim que não pensamos duas vezes. Ele saiu daqui com perna nova. Mas acontece também de ter uma quebra por algum motivo, e aí é preciso de novo equipamento mesmo.
Em Londres, oitenta técnicos fizeram 2.062 reparos, em 22 dias. Em Seul, na primeira oficinal, quatro técnicos fizeram cerca de 250 reparos, em nove dias. A expectativa é que no Rio esse número chegue a 2.500 serviços, em 28 dias, com 96 técnicos de 29 países.