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Em frente à vila, a corrida com obstáculos pelas ruas do Rio

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O Parque Olímpico na Barra, epicentro dos Jogos Olímpicos, convive com esgoto a céu aberto a poucos metros de uma de suas principais entradas; caminhões limpa-fossa recolhendo o material decorrente do uso de banheiros de instalações das arenas; e um mau cheiro resultante dos rejeitos, em momentos alternados do dia. Fora do parque, nos arredores da Vila dos Atletas, buracos no asfalto e vazamentos de água viraram obstáculos para os próprios hóspedes da vila.

Um canal que contorna a passarela responsável por conectar a recém-inaugurada estação de BRT do Morro do Outeiro a uma das principais entradas do Parque Olímpico, próxima ao centro de mídia, virou um depósito de esgoto. O fluxo de pessoas que chegam pela estação e passam pela passarela ainda é pequeno, mas aumentará com o início dos jogos.

– Esse esgoto no canal existe há muito tempo. Poderiam pelo menos cobrir de alguma forma – diz um funcionário do Rio-2016 que trabalha em área próxima.

Dentro do parque, caminhões limpa-fossa vão funcionar no período entre 24 de julho e 21 de setembro, ou seja, até o fim dos Jogos Paralímpicos. Pelo menos um caminhão vai recolher o esgoto em pontos próximos a banheiros e arenas 24 horas por dia, em três turnos. Este recolhimento já é feito na véspera dos jogos, todos os dias.

O mau cheiro de esgoto é comum ao entardecer e no início da noite. É, até agora, o cheiro mais característico do Parque Olímpico.

Nos arredores da Vila dos Atletas, o principal problema está na Avenida Olof Palme, justamente onde fica a entrada das delegações. A poucos metros deste portal de recepção, há alguns buracos no asfalto. Um deles está com um vazamento de água.

Este buraco com vazamento virou um obstáculo para um grupo de quatro atletas do Cazaquistão. Na manhã de ontem, elas estavam treinando correndo em volta da Vila, na área externa, e tiveram de saltar por cima da poça.

Além da poça e buracos no asfalto, a calçada também ainda não está pronta. Ela está quebrada em alguns pontos e não existe uma divisão muito definida entre a grama e o asfalto. Muitas placas de grama ainda estão soltas. Isso ocorre também na Avenida Salvador Allende.
Tanto a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) quanto o Rio-2016 negam qualquer tipo de lançamento irregular de rejeitos. As duas companhias dizem não ter responsabilidade pelo canal próximo ao Parque Olímpico. Gestores afirmam que o esgoto lançado no canal é fruto de ligações clandestinas e corresponde a emissões antigas.

“Todo o Parque Olímpico e a Vila dos Atletas estão conectados à rede formal da companhia com a construção do sistema de esgotamento sanitário do Eixo Olímpico”, diz a Cedae por meio da assessoria de imprensa.

Uma coletora de 1,3 quilômetro foi construída, mais duas elevatórias, uma na Vila dos Atletas, que transporta hoje 120 litros por segundo de esgoto, e outra relacionada ao parque, com fluxo de 250 litros por segundo. “O sistema foi projetado para acompanhar o crescimento da região pelos próximos 25 anos”, diz a Cedae.

O Rio-2016 diz que o Parque Olímpico é atendido por uma rede permanente de esgoto e por uma rede temporária, operada pelos limpa-fossas. “Qualquer evento de grande porte tem rede temporária. O esgoto é levado para a Estação de Tratamento de Efluentes Alegria”, afirma a assessoria do Rio-2016.

A Secretaria Municipal de Obras diz ter finalizado as obras de urbanização no entorno da Vila dos Atletas há quatro meses e que fará vistoria para remover “qualquer resquício de desmobilização de canteiro que tenha ficado procedente de obras da Ilha Pura e da Cedae”. “A Secretaria de Conservação já está atuando na recomposição da pavimentação do entorno”, afirma a assessoria.