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'Duelo de titãs': San Marino e Andorra buscam primeira vitória em 13 anos

De um lado, uma seleção que não vence uma partida desde 2004. Do outro, uma seleção que também amarga incríveis 13 anos sem saber o que é comemorar uma vitória. Duas das piores equipes do mundo, San Marino e Andorra se enfrentam nesta quarta-feira, às 14h30m (horário de Brasília), em San Marino, em uma espécie de duelo de titãs às avessas. Um amistoso que provavelmente vai passar despercebido no radar do futebol mundial, mas que pode encerrar um longuíssimo jejum de triunfos. San Marino está há 74 jogos sem vencer, enquanto Andorra vai ainda mais longe: 86 partidas. Será o primeiro confronto entre os dois países.

As duas seleções possuem números impressionantes – negativamente, claro. Juntas, já disputaram 279 partidas, com apenas quatro vitórias contabilizadas – uma de San Marino e três de Andorra. Foram ainda 16 empates e 259 derrotas. No ranking da Fifa, em que 204 seleções atualmente contabilizam pontos, San Marino aparece na 202ª posição, e Andorra é a 203ª. As duas estão à frente apenas das Ilhas Virgens Britânicas. A seleção da pequena ilha caribenha, porém, tem resultados históricos melhores, já que costuma enfrentar adversários igualmente inexpressivos, como Anguilla, Porto Rico e Montserrat.

Andorra e San Marino não têm escolha. Os dois micropaíses estão encravados na Europa, e acabam enfrentando potências do futebol mundial. Os resultados costumeiramente acabam em uma chuva de gols – para um dos lados apenas, claro. San Marino já levou 13 a 0 da Alemanha. Andorra tomou 8 a 1 da República Tcheca em sua pior goleada.

Somos minúsculos, mas pensamos grande. Queremos crescer e conseguir uma vitória em uma partida oficial.

– Essa é a realidade a que estamos acostumados. O talento dos adversários é demais para nós, mas não podemos ficar reclamando. Estamos confiantes de que estamos melhorando. Melhoramos em várias estatísticas, tomamos menos gols, temos mais posse de bola. Empatamos com a Estônia e jogamos boas partidas contra times como Irlanda, Noruega, Eslovênia – enumera Pierangelo Manzaroli, técnico de San Marino, em entrevista por e-mail.

Nascido na Itália, Manzaroli, de 46 anos, foi meio-campista de San Marino. Assumiu a seleção em 2014 e comandou a equipe em 17 jogos, com um empate e 16 derrotas. Se você acha os números dele ruins, espere até ver os de Koldo Álvarez, técnico de Andorra. Mas, antes, mais sobre Manzaroli. O treinador conseguiu um empate sem gols contra a Estônia que interrompeu uma sequência de 61 derrotas seguidas, entre abril de 2004 e novembro de 2014. Pense nisso: foram mais do que dez anos perdendo todos os jogos.

– Acho que isso é bom para o que somos, um dos menores países do mundo, com apenas 30 mil habitantes. Temos cerca de 30 jogadores amadores para a seleção. Eles estudam, trabalham, não treinam com regularidade, mas sabem que vivem uma experiência incrível ao jogar contra os maiores jogadores do mundo.

Temos dificuldades, mas o espírito está bom e vamos seguir tentando. A equipe está melhorando

Os jogadores das duas seleções atuam majoritariamente em seus países, salvo algumas exceções nas divisões mais baixas de Espanha e Itália, e um zagueiro de Andorra que atua na primeira divisão da Finlândia. O site TransferMarkt, especializado em mercado do futebol, avalia a seleção de San Marino em 325 mil euros. A de Andorra é avaliada em 525 mil euros, números irrisórios na realidade atual. Apenas um jogador como Lionel Messi, por exemplo, está avaliado pelo mesmo site em 120 milhões de euros.

Técnico de Andorra, um principado com cerca de 70 mil habitantes, Koldo Álvarez, 46 anos, compartilha a postura otimista de Manzaroli – essa parece ser uma qualidade-chave para quem deseja treinar uma das piores seleções do mundo. Ex-goleiro da seleção, ele assumiu como treinador em 2010 e tem no currículo 45 derrotas e três empates. Mas tem a sensação de que as coisas estão melhorando. Quem sabe a primeira vitória não vem nesta quarta-feira?

– Ojalá (tomara)! Temos dificuldades, mas o espírito está bom e vamos seguir tentando – diz Koldo, por telefone, citando os desempenhos recentes contra Letônia e Suíça, no fim do ano passado, pelas eliminatórias, quando Andorra perdeu por apenas 1 a 0 e 2 a 1, respectivamente. – A equipe está melhorando. Nossos jogadores creem que podem vencer. Vamos lutar muito contra San Marino.

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Se Andorra promete luta, do outro lado não será diferente. Porém, mesmo sem vencer qualquer partida desde 2004, o treinador de San Marino garante estar mais interessado com uma vitória para valer, nas eliminatórias para a Copa do Mundo.

– O jogo contra o Andorra vai ter um significado especial e o resultado vai ser bastante importante para a mídia, mas não para mim. Somos minúsculos, mas pensamos grande. Queremos crescer e conseguir uma vitória em uma partida oficial. Essa é a nossa obsessão – explica Manzaroli.

Com pouca mão de obra à disposição, os dois treinadores sonham acordados quando perguntados que jogador gostariam de convocar para seus países.

– Ah, o Lionel Messi. Ele cairia muito bem com a nossa camisa 10 – diz Koldo.

– Que pergunta boa e difícil. Se eu pudesse escolher três jogadores, eu diria Tony Kroos, Thiago Silva e Levandowski. Mas se eu quisesse realizar meu sonho como técnico, escolheria ter Cristiano Ronaldo e Messi no mesmo time! – dispara Manzaroli.

Sonhar não custa nada, mas com uma realidade anos-luz distante, San Marino e Andorra jogarão 90 minutos que podem enfim encerrar um histórico jejum para um dos lados. A não ser que o jogo desta quarta acabe em um melancólico empate…

Info – San Marino x Andorra