MEDELLÍN. A cena é aterradora. Fileiras de caixões cuidadosamente se estendem nos fundos de um amplo salão da funerária San José, no centro de Medellín, na Colômbia. Os corpos iam chegando chegando aos poucos, à medida que a tarde caía. Na sequência, o choro desesperado de alguns dos familiares dos mortos quebra o silêncio.
Conselheiro da Chapecoense, Roberto De Marchi, de 50 anos, se ajoelha e reza ao lado do caixão do primo Nilson Fole Junior, de 29 anos, que atuava na gestão financeira do clube catarinense. Tragédia Chapecoense – dia 3
– Ele (Nilson) era como um filho para mim. Sabia que a morte estava confirmada, mas quando vim aqui e vi a urna parece que caiu a ficha. O pesadelo se tornou realidade – desabafa entre soluços De Marchi.
Outra família se abraça ao lado de De Marchi. Os lamentos são pela morte de um dos bolivianos que estavam a bordo. Um deles faz um sinal aos fotógrafos e cinegrafistas pedindo que abaixem suas máquinas. Ninguém titubeou em acatar o pedido. Afinal, os jornalistas também estão consternados. E em alguns momentos são tomados pelo clima de tristeza e choram a morte dos 21 colegas de profissão no voo da Lamia.
Até o final da tarde desta quinta-feira já haviam sido embalsamados os corpos do ex-jogador Mario Sergio; do meia Cleber Santana; de Anderson Paixão, filho do preparador físico Paulo Paixão; do lateral Dener; do zagueiro Thiego, o repórter Vitorino Chermont e dos dirigentes da Chapecoense, Nilson Fole Junior, além de Edir Félix de Marco; Fernando Chardong; Márcio Roury e Mauro Luiz Stumpf. Há também cinco corpos de bolivianos.
Em cima de um balcão ao lado dos caixões e em ritmo de espera há uma infinidade de faixas com as inscrições dos nomes das vítimas. Entre os homenageados estão os jornalistas Paulo Julio Clement e Guilherme Marques, entre tantos outros atletas da Chapecoense.
As urnas são vistosas. Feitas de estrutura metálica com detalhes em madeira e medem até 2 metros de comprimento, por 80 centimetros de largura. Ao todo, os caixões custaram cerca de 1500 dólares cada.
De acordo com a funerária San Vicent, uma das seis contratadas para embalsamar os corpos, a maior parte dos custos foram pagos pelas empresas de seguro.
Os corpos das vítimas deverão ser levados ao aeroporto amanhã à tarde num cortejo fúnebre com cerca de 30 carros pelas ruas de Medellín.