Os rankings, que nada. O número 1 do tênis de mesa não se classificou para Londres-2012. No ano passado, venceu o campeonato mundial apenas na quinta tentativa. Aclamado pela capacidade técnica, o chinês Ma Long esbarra em um adversário insistente: a pressão. Em competições do alto escalão, o estresse é tamanho que o treinador precisou incluir idas ao bar ? uma técnica de relaxamento incomum na rotina de campeões olímpicos em potencial, e um paliativo para os constantes questionamentos à força mental do atleta.
? Para Ma Long, há duas coisas importantes. A primeira é ir a um bar com ele beber álcool quando a pressão é muito forte. A segunda, conversar com ele para distraí-lo ? explicou o treinador Liu Guoliang, à AFP.
Guoliang pondera que o consumo de bebida alcóolica do jovem jogador é moderado. O objetivo, segundo ele, é ?relaxar um pouco?, em meio à rotina de rigorosas obrigações da seleção chinesa. Uma pesquisa da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, relacionou a ingestão de álcool a sete tipos diferentes de câncer. Não haveria, de acordo com os pesquisadores, nível seguro para o consumo, embora o risco seja maior para quem bebe muito. Em janeiro, um grupo de diretores médicos do Reino Unido recomendou que os homens não consumissem mais que 14 doses por semana.
No Rio-2016, o atleta de 27 anos trabalha para se manter são na disputa do único título que lhe falta: o ouro olímpico, pelo qual vai brigar junto ao compatriota Zhang Jike, campeão na edição londrina. O treinador ressalta que aposta na joia da província de Liaoning.
? Creio que Ma Long é o favorito para o ouro ? aposta seu treinador. ? Agora devemos ficar atentos à força mental dele e livrá-lo do estresse.
Pesa no desempenho do jogador a responsabilidade de ser considerado o melhor da História no tênis de mesa, na avaliação de alguns analistas ? ainda mais potente e rápido que o lendário sueco Jan-Ove Waldner. A alcunha se soma à pressão de ser famoso em um esporte que é orgulho nacional. Ma Long reconhece que escrever seu nome junto ao rol de 24 chineses campeões olímpicos desde Seul-1988 passa por controlar a ansiedade.
? Devo me liberar deste lastro ? explicou Ma Long à AFP. ? É a única maneira de conquistar o ouro.
HEGEMONIA NA MESA
Em Londres-2012, a China garantiu o primeiro lugar nos quatro títulos em disputa na modalidade ? repetiu a própria façanha de Pequim-2008, quando consolidaram de vez, e em casa, a hegemonia no tênis de mesa. A popularidade do esporte no país, inclusive, na opinião de Guoliang, é o que difere os chineses dos adversários. Antigamente, faltavam alternativas de prática esportiva aos pequenos chineses.
Até por isso, a Federação Internacional de Tênis de Mesa se preocupa que o domínio chinês desestimule o investimento no esporte em outros países. Um executivo da ITTF chegou a classificar a hegemonia chinesa de ?devastadora?. Mas Ma Long desconversa que ele ou Zhang Jike sejam os favoritos ao ouro: insiste nas possibilidades dos rivais alemães e japoneses.
? Mas espero ganhar a batalha ? ressaltou.