Cascavel – Confirmada como única mulher na equipe de canoagem velocidade do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016, a cascavelense Ana Paula Vergutz treina nesta semana pela última vez no Lago Municipal de Cascavel antes de embarcar rumo ao Rio de Janeiro. As disputas na Olimpíada, na Lagoa Rodrigo de Freitas, terão início para ela no dia 15 de agosto.
Confirmada na semana passada como primeira brasileira a disputar uma edição da competição na modalidade, Ana Paula diz que a emoção pela conquista da vaga olímpica ainda não passou. Ainda é grande, porque depois de nove anos sendo a primeira do ranking nacional faltava essa confirmação. Este ano foi um pouco difícil e a vaga deu um alívio, mas com a aproximação dos Jogos começa a ansiedade novamente. E vida de atleta é assim mesmo: sempre derrubando barreiras. E quando se passa um obstáculo logo vem o outro, nunca pode se acomodar, comenta.
Para a competição caseira, a cascavelense diz estar preparada psicologicamente. Pressão sempre tem e em casa mais pessoas vão ver, ter acesso à competição, mas o atleta tem que estar mais preparado. Com a pressão que tinha no Pan [Toronto 2015], pela condição que eu tinha de receber medalha, aprendi a lidar um pouco com isso, diz a canoísta, que no ano passado, no Canadá, tornou-se a primeira brasileira a ganhar uma medalha pan-americana na modalidade.
Já com relação à medalha olímpica, a canoísta de 27 anos usa o conhecimento sobre capacidade das adversárias para projetar sua participação na Rio 2016. Eu sonho com medalha. Como atleta, não temo não sonhar. Sou a número 20 do mundo e na Olimpíada serão 18 concorrentes, ou seja, não ficarei em vigésimo lugar, diz ela, sorrindo. Quero melhorar meu resultado e chegar mais próximo das primeiras. Minha luta será contra o meu próprio tempo. O que vier nesse sentido será um grande resultado, mas não posso prometer medalha, hoje essa não é a realidade, completa.
Hora de lapidar
Neste período que antecede os Jogos Olímpicos, a preparação de Ana Paula é para baixar seus tempos. A hora é de intensificar a remada e incluir o que foi trabalhado de técnica. Tudo pelo objetivo de atingir a marca de 1min50s, três segundos abaixo do que remou no ano passado.
Há quatro anos o tempo da canoagem feminina do Brasil girava em torno de 1min58s. Neste ciclo olímpico, que começou em 2013, o tempo baixou para 1min53s. Foram três anos de conquistas e o País ainda está pouco mais de um segundo atrás da primeira colocada de Londres 2012 (a húngara Danuta Kozak), que hoje já rema a 1min47s.
Agora, pelo menos aparecemos na foto. Essa é a evolução. Não quero ser pessimista, mas essa é a realidade: aproximar-se mais do esporte lá fora, diz a cascavelense, que considera que o diferencial para sua evolução foi a continuidade do trabalho com o técnico Lauro de Souza, natural de Pindamonhangaba (SP), mas que, com 17 anos, mudou-se para Cascavel, cidade na qual se formou como atleta e treinador. Lauro e Ana Paula treinaram juntos em Cascavel e estão desde 2013 na seleção brasileira.