RIO ? Eles se conhecem há cerca de dez anos e foram parceiros no início da carreira. Mas foi a partir do final de 2013 que Bruno e Alison, mais experientes e maduros, se reencontraram para formar a dupla que conquistaria o ouro do vôlei de praia dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.
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Nascido em Vitória (ES) em dezembro de 1985, Alison Cerutti começou a jogar vôlei no clube capixaba Álvares Cabral, em 2001, depois de desistir de ser jogador de futebol. Quatro anos depois, trocou a quadra pela praia. De 2005 a 2009, ele, que tem 2,03m de altura e é apelidado de “Mamute” por causa do tamanho e da força de suas cortadas, foi parceiro do conterrâneo Vinícius, de Bernardo, Harley e de Bruno. Em 2010, se juntou a Emanuel, que havia conquistado a medalha de ouro em Atenas-2004 e a de bronze em Pequim-2008. A parceria deu certo e, juntos, eles ganharam a prata em Londres-2012.
A nova parceria com Bruno Schmidt foi formada no final de 2013. Na época, o sobrinho de Oscar Schmidt era parceiro de Pedro Solberg, eliminado dos Jogos do Rio-2016 nas oitavas de final junto com Evandro. No ano seguinte, os dois foram campeões do Superpraia 2014, além de terem terminado em terceiro no Circuito Mundial do mesmo ano.
Bruno e Alison vencem dupla italiana e garantem ouro brasileiro no vôlei de praia
O início não foi fácil para Alison, que precisou morar na casa de Bruno em 2006, quando foi morar no Rio. Além das dificuldades financeiras, teve que superar a desconfiança de familiares, que não acreditavam que ele pudesse viver do esporte, pois não o viam como uma profissão.
Com o tempo, a desconfiança familiar foi desaparecendo. Por conta da forte ligação que Alison tem com os parentes, voltou a morar no Espírito Santo e tatuou uma pequena cruz com as iniciais dos nomes dos entes queridos nas pontas: “a” do pai Abílio, “n” da mãe Nicéia, “a” da irmã Aline e “a” dele próprio. Com o apelido, está em paz. Há cinco anos fez uma tatuagem de um mamute na costela e mandou escrever ?dias de luta, dias de glória?, referência a uma música de Charlie Brown Jr.
O MÁGICO
Bruno passou a ser chamado de “Mágico” por causa das jogadas que pareciam impossíveis de realizar. Sobrinho do “Mão Santa” do basquete brasileiro Oscar Schmidt, Bruno Schmidt um dia achou que sua estatura poderia poderia limitar a carreira. Afinal, 1,85m é uma altura considerada baixa para os padrões vôlei de praia. Mesmo assim, ele não desistiu e compensou com uma capacidade técnica invejável.
Nascido em outubro de 1986, Bruno começou a carreira no vôlei de quadra em 2002, no Iate Clube de Brasília. Dois anos depois, passou para a praia. Mas foi apenas em 2006, após conquistar o campeonato mundial sub-21 com Pedro Solberg, que ele deixou de ter dúvidas sobre o seu futuro como atelta. Até então, se via trabalhando em um escritório de advocacia com o irmão.
Além de Solberg, nos últimos dez anos, formou parceria com João Maciel, o capixaba Billy, com Benjamin, Alison e Fábio Luz (medalha de prata em Pequim-2008).
2015, ANO DE SUCESSO
Foi no ano de 2015 que a dupla Alison e Bruno cresceu de forma espetacular. Bruno foi eleito o melhor jogador de vôlei de praia do mundo pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Além disso, foi eleito, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor defensor do circuito internacional e ainda levou o título de melhor jogador ofensivo e de atleta do ano em votação realizada junto a jogadores, técnicos, juízes e diretores do circuito. Alison, por sua vez, foi eleito o melhor bloqueador do mundo em 2015, repetindo o feito de 2011. Eles ainda fecharam o ano com o prêmio de melhor dupla do mundo na eleição da FIVB.
O reconhecimento não veio à toa. Em julho de 2015, os brasileiros iniciaram uma sequência de vitórias que culminaram com ouros no Campeonato Mundial da Holanda; no Major Series de Gstaad (Suíça); no Grand Slam de Yokohama (Japão); no Grand Slam de Long Beach (Estados Unidos) e no Grand Slam de Olsztyn (Polônia).
Para completar, a dupla ainda venceu, em outubro, o World Tour Finals, em Fort Lauderdale (Estados Unidos), competição que reuniu apenas os melhores times do ano. Na ocasião, os brasileiros derrotaram os norte-americanos Phil Dalhausser e Nick Lucena por 2 sets a 0 (21/13 e 21/15), conquistando, assim, o sexto título na temporada. As vitórias acumuladas ao longo de 2015 garantiram à dupla uma vaga nos Jogos do Rio-2016 com uma rodada de antecipação.
Antes da competição, porém, Alison ainda teve que passar por uma prova de fogo. Em novembro, precisou parar por quase cinco meses para corrigir uma microruptura no tendão patelar causada por uma lesão no joelho direito.