Foram quase 90 minutos à espera de que uma tentativa individual, um escasso lance de brilho pessoal, quebrasse a rotina de mais briga do que jogo no Couto Pereira. Uma disputa por espaço, um incessante exercício de transpiração, muito mais do que de inspiração, numa partida em que as jogadas não tinham sequência, graças aos 90 passes errados. Um por minuto, ou quase dois, caso se leve em conta apenas o tempo de bola rolando.
Uma metade do jogo com predomínio de cada time, embora o Botafogo do segundo tempo tenha se imposto mais do que o Coritiba na primeira etapa. Mas não o suficiente para tornar injusto o 0 a 0.
Um resultado, aliás, ruim para os dois. Seguem Botafogo e Coritiba flertando com a zona de rebaixamento.
O tal lance de desequilíbrio aconteceu só uma vez de cada lado na primeira etapa. O primeiro deles, do Botafogo, quando o lateral Diogo Barbosa descobriu Camilo, na área. O goleiro Wilson salvou.
Camilo ainda parece fora da condição ideal. O que ajuda a explicar a dificuldade alvinegra. Jogando com três homens de frente ? Pimpão, Neílton e Sassá ?, o Botafogo ficava em inferioridade no centro do campo. Aos poucos, o Coritiba levava vantagem no setor.
Outra questão que ainda incomoda a torcida alvinegra: ainda que a média de gols tenha subido nas últimas partidas, parece cedo para que o setor ofensivo transmita confiança. Como se os gols nas partidas recentes se originassem mais da força coletiva do time do que da capacidade técnica. Rodrigo Pimpão, por exemplo, tem oscilado demais. Ontem, não jogou bem. O mesmo vale para Neílton. Ótimo contra o Santa Cruz, apagado ontem.
Menos mal que faltava capacidade de construir jogadas ao Coritiba. O time preferia o jogo mais físico, com bolas longas para o turco Kazim. Foi num lance individual de Leandro pelo lado do campo que a bola chegou para Kleber chutar e Sidão defender.
O goleiro faria um quase milagre pouco antes do intervalo, mas numa jogada originada de um escanteio. Kléber chutou da pequena área e Sidão usou as pernas para defender. Parte da bola chegou a cruzar a linha de gol, mas não toda ela.
Ricardo Gomes tirou Neílton, que não fazia bom jogo, e colocou Leandrinho. Conseguiu ocupar mais o meio-campo, dar um companheiro a Camilo no trabalho de criação. O Botafogo foi mais presente. Mas um sinal de que nem tudo correu como o esperado foi que a mais perigosa finalização contra o gol paranaense foi do lateral Emerson Conceição, do próprio Coritiba. Após um bom lance de Sassá, Conceição se atrapalhou e chutou no travessão. Ricardo Gomes tentou trocar Aírton por Fernandes e, no fim, um Sassá cansado deu lugar a Vinícius Tanque. Era a cartada final. Mas pouco eficiente.