Único tricampeão na história da principal prova olímpica, Usain Bolt sabe que se tornou “imortal”, como ele mesmo disse na entrevista coletiva após a vitória no Engenhão neste domingo. Tratado como Deus pelo público que lotou o estádio, ele admitiu sentimentos bem humanos, como o cansaço após a semifinal e a ambição reservada especialmente para os 200m rasos, que ele correrá, também defendendo o bicampeonato olímpico, na noite de quinta-feira.
O jamaicano reclamou do curto intervalo entre a semifinal, disputada às 21h, e a decisão dos 100m, às 22h25. E disse que isso foi decisivo para que não tenha conseguido se aproximar do seu recorde na prova. Sua melhor marca é do Mundial de Berlim, em 2009 (9s58). Seu ouro no Engenhão veio com o tempo de 9s81.
– Eu realmente esperava correr mais rápido. Isso me afetou. O tempo (entre uma prova e outra) foi ruim para todos. Eu estava cansado depois dos 100m, geralmente eu nunca fico cansado. Não teve muito tempo de descanso – disse o jamaicano, que fez o tempo mais rápido da semifinal. – Isso me deixou ainda mais confiante. Estava bem preparado, sabia que se eu fizesse o meu trabalho, seria o vencedor.
Dono agora de sete medalhas de ouro, ele pode igualar o americano Carl Lewis com nove ouros se conseguir o tricampeonato olímpico dos 200m e do 4x100m. Para sua outra prova individual, ele estabeleceu uma meta ousada: bater o recorde mundial de 19s19, também estabelecido no Mundial de 2009.
– Vim para conquistar três ouros e quero bater o recorde dos 200m. Se eu conseguir descansar depois da semifinal… Vou dar o máximo na prova, este é meu foco.
Idolatrado pela torcida carioca, Bolt falou também sobre o rival Justin Gatlin, muito vaiado pelo Engenhão ao entrar na pista para a final.
– Eu fiquei surpreso (com as vaias), nunca tinha visto antes. Mas eu estava focado, acredito que ele também – disse Bolt. – Ele é um competidor. Sempre foi um cara bacana. Ele corre rápido, te empurra pra dar o melhor.