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Associação de boxe afasta todos os 36 árbitros que trabalharam no Rio-2016

Após uma reunião nesta quinta-feira em Lausanne, na Suíça, a Associação Internacional de Boxe (Aiba, na sigla em inglês) afastou todos os 36 árbitros que trabalharam nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Eles estão proibidos de trabalhar em um evento da Aiba até que eles concluam as investigações sobre potenciais lutas manipuladas na competição disputada no Riocentro.

O torneio que foi marcado pelo primeiro ouro olímpico da história do Brasil, com a vitória de Robson Conceição na categoria até 60kg, também foi alvo de uma série de denúncias de decisões de arbitragem controversa. Ainda durante a competição, a Aiba já havia mandado embora para casa um grupo de juízes após decisões de lutas que foram contestadas por atletas e delegações.

Entre os atletas que reclamaram de terem sido prejudicados estava o irlandês Michael Conlan, que perdeu para o russo Vladimir Nikitin nas quartas de final dos pesos galo (ate 56kg). Outra luta que gerou suspeita foi a do cazaque Vassily Levit, derrotado pelo russo Evgeny Tishchenko na final dos pesos pesados (até 81kg).

?Enquanto a maior parte da competição no Rio recebeu uma avaliação muito positiva… um pequeno número de decisões que ficaram sob debate indicaram a necessidade de procedimentos de reforças no Aiba R&J (árbitros e juízes). O resultado da investigação que atualmente está em curso permitirá a Aiba total acesso ao que precisa ser feito. Enquanto isso, foi decidido que todos os árbitros e juizes que foram usados nos Jogos Olímpicos não vão participar de qualquer evento da Aiba até que a investigação seja concluída?, informou a federação em nota.

Durante os Jogos, a Aiba detectou que ?menos de cinco? das 239 lutas que aconteceram no Rio de Janeiro não tiveram o nível de decisão esperado. O encontro desta quinta-feira serviu para preparar uma rota para o próximo ciclo olímpico que vai até os Jogos de Tóquio-2020.

– O boxe esteve nos holofotes (no Rio) por razões positivas, mas ocasionalmente por eventos equivocados – reconheceu o presidente da entidade, Wu Ching-kuo.

A federação disse ainda que o sistema de pontuação poderia levar a ?mal-entendidos?, mas que permanece sendo o melhor método de avaliação. A partir dos Jogos do Rio de Janeiro, o boxe passou a adotar o mesmo sistema de pontuação das categorias profissionais. Ele consiste em atribuir aos pugilistas uma pontuação de até 10 ao fim de cada round. A Aiba, no entanto, recomendou que no futuro sejam divulgados abertamente todas as notas dos árbitros que determinam o vencedor do combate. No Rio, apenas os placares de três dos cinco juízes que trabalhavam em cada luta eram computados depois de um sorteio eletrônico.

A Aiba ainda recomendou que, para aumentar a transparência, que para cada luta os juízes sejam escolhidos por um sistema automatizado e não partir da decisão de uma comissão de três pessoas.

?Seguir em frente é essencial para que a reputação dos árbitros seja restaurada. O sistema de julgamento nunca pode ser contestado por lutadores e treinadores que desapontaram no ringue e fizeram comentários inapropriados pela mídia. Isso seria monitorado ainda mais de perto no futuro e ações disciplinares firmes serão tomadas quando necessário?, disse a Aiba.

O comentário é uma referência a Michael Conlan, que fez um gesto obsceno no ringue quando perdeu sua luta no Rio e depois reclamou publicamente do resultado de sua luta. Ele recebeu uma punição disciplinar.

Antes do início dos Jogos, uma reportagem publicada pelo jornal inglês “Guardian” informava que o torneio de boxe no Brasil poderia ter lutas manipuladas, pois alguns árbitros estariam envolvidos em um esquema de corrupção.