A personalidade de Muhammad Ali fora dos ringues costumava atrair tanto encantamento quanto seu sucesso no boxe. O lendário pugilista, falecido na última sexta-feira aos 74 anos, foi notório por feitos que vão desde a luta por liberdades civis como a obsessão por truques de mágica.
Outro traço marcante da vida de Ali — a defesa do Islã, religião à qual se converteu na década de 1960 — rendeu um episódio curioso no auge da carreira do boxeador.
Em 1975, Ali disputou o famoso “Thrilla in Manila”, como ficou conhecida sua terceira luta contra Joe Frazier, desafiante pelo título mundial do peso-pesado. Em um jantar formal nas Filipinas, onde aconteceria a luta, Ali estava com Frazier e o jornalista esportivo Ronnie Nathanielsz, intermediário do governo filipino com os lutadores. Em entrevista à BBC, Nathanielsz lembrou que o grupo foi procurado por um trio de “belas modelos da Inglaterra”, que convidaram os lutadores e o jornalista para subir ao seu quarto de hotel na madrugada.
Eram muitos os possíveis desdobramentos do convite. Ali, contudo, deu um desfecho inusitado à visita noturna à belas modelos, de acordo com Nathanielsz:
— Elas nos convidaram para subirmos ao seu quarto após o jantar. E nós fomos. Ali se sentou ao sofá delas e começou a ensiná-las sobre o Islã até 3h da madrugada. Então, ele se levantou, foi embora para seu quarto e disse para mim: ‘Eu enganei elas, não enganei?’ — narrou o jornalista.
Ali, que havia perdido seu primeiro combate contra Frazier, em 1971, e vencido a revanche em 1974, confirmou seu favoritismo no ano seguinte. Com um nocaute, ele derrotou Frazier no “Thrilla in Manila” para manter seu título mundial dos peso-pesados e se firmar definitivamente como um mito do boxe.