RIO – A cinco dias da cerimônia de encerramento da Olimpíada do Rio, a
organização dos Jogos desconhece como as autoridades japonesas serão recebidas
no país, para a transferência do ?bastão? olímpico. Tóquio é a cidade-sede da Olimpíada em 2020. O presidente
interino Michel Temer, para evitar novas vaias à véspera da conclusão do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, decidiu que não aparecerá na cerimônia de
encerramento. O mesmo evento deve contar com a presença do primeiro-ministro do
Japão, Shinzo Abe,
esperado no Rio no próximo domingo.
Sem o presidente brasileiro em exercício para recepcioná-lo, a organização
dos Jogos Olímpicos ainda não sabe como proceder diante desse hiato.
? O presidente interino não deverá comparecer à cerimônia de encerramento, o
que ainda não nos foi confirmado pelos canais oficiais. Não podemos avaliar
neste momento quem vai receber o primeiro-ministro do Japão ? disse o diretor de
comunicação do comitê organizador da Rio 2016, Mario Andrada.
Segundo Andrada, ainda é preciso decidir ?quem vai receber ou não o
primeiro-ministro japonês?:
? Isso tem a ver com o nosso presidente, se ele virá ou não.
O julgamento do processo de impeachment no Senado, que deve selar o
afastamento definitivo de Dilma e o fim da interinidade de Temer, que terá pela
frente mais de dois anos de mandato, começa no próximo dia 25, quatro dias
depois do encerramento dos Jogos Olímpicos. Temer quer evitar o que ocorreu na
abertura da Olimpíada: ele foi vaiado pelo Maracanã lotado.
Na abertura, todas as estratégias foram usadas para “esconder” Temer. Ele não
foi anunciado no início da cerimônia, como habitualmente ocorre com o chefe de
Estado e com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI). Apenas Thomas Bach foi
anunciado, contrariando inclusive o que estava previsto pelos organizadores e
registrado no guia de mídia distribuído horas antes do início do evento.
Temer quase não foi projetado nos telões. E só declarou a abertura dos jogos
mais ao fim da cerimônia, mais uma vez sem ter seu nome anunciado. Quando o
público descobriu que era o presidente interino ao microfone, vaiou a autoridade
política.
O diretor de comunicação da Rio 2016 citou a ?crise política e governamental?
no país para justificar a baixa venda de ingressos antes de a Olimpíada
começar:
? Antes dos jogos estávamos num ambiente bastante complexo, com crise
política e governamental, uma crise de ceticismo, o que explicou a baixa venda
de entradas. As pessoas ficaram positivamente surpresas com a cerimônia de
abertura, e a venda posterior de ingressos mostra que há uma relação de amor da
torcida brasileira com os jogos. Antes havia hesitação. Isso mudou com a
abertura.