Brasília – A ocorrência de peste suína africana (PSA) na China contribuiu para impulsionar os embarques de carnes do Brasil no mês de maio em relação a igual período de 2018, tanto em volume quanto em faturamento. As proteínas bovina, de frango e suína registraram saltos entre 10% e 42% em volume e entre 10% e 58% em receita no mês passado ante maio de 2018.
Com milhões de suínos doentes descartados no continente asiático por causa da PSA, a tendência é de que os embarques continuem em alta ao longo do ano. Em comparação a abril deste ano também houve crescimento, principalmente em relação à carne suína brasileira.
Os dados de exportação de proteína animal pelo Brasil referentes ao mês de maio foram divulgados nessa segunda-feira pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério da Economia, e consideram 21 dias úteis.
As vendas externas de carne suína in natura alcançaram 58,1 mil toneladas, alta de 41,7% ante as 41 mil toneladas embarcadas em maio de 2018 e 13,92% maiores quando comparadas ao total de 51 mil toneladas registrado em abril. A receita somou em maio US$ 131,6 milhões, avanço de 58,55% ante igual mês do ano passado, de US$ 83 milhões, e 19,31% superior aos US$ 110,3 milhões de março. O preço médio também foi impulsionado pela elevação na demanda externa e atingiu US$ 2.265,30 por tonelada, incremento de 11,86% na variação anual e de 4,77% ante o mês anterior.
Os embarques de carne bovina in natura somaram 121 mil toneladas, crescimento de 33,7% ante as 90,5 mil toneladas enviadas ao exterior em maio do ano passado. Já em relação a abril, o resultado representa avanço de 10,2%. Em receita, foram obtidos US$ 470 milhões, avanço de 23,85% ante os US$ 379,5 milhões de um ano antes e de 13,06% na variação mensal.
As exportações de carne de frango in natura atingiram 345,9 mil toneladas, volume 9,95% maior que as 314,6 mil toneladas vendidas em maio de 2018. Na variação mensal, houve alta de 10,83% ante as 312,1 mil toneladas registrados em abril. O faturamento somou US$ 588,3 milhões, 22,38% superior aos US$ 480,7 milhões registrados em igual período de 2018, e 17,85% maior ante a receita de US$ 499,2 milhões de abril.
Acumulado
Nos cinco primeiros meses de 2019, as vendas de carne bovina totalizaram 567,2 mil toneladas, ante 479,6 mil toneladas em igual período do ano passado (18,27%). Já o faturamento ficou em US$ 2,143 bilhões este ano, valor 9,44% maior que o total de US$ 1,958 bilhão obtido entre janeiro e maio de 2018.
As vendas externas de carne suína in natura cresceram 17,98% em volume acumulado até maio, com 244,1 mil toneladas, e de 12,71% no faturamento, totalizando US$ 513,5 milhões no período.
Também no acumulado do ano, as exportações de frango in natura subiram 11,94% em receita, atingindo US$ 2,465 bilhões. E, em volume, alta de 23,31%, ao passar de 1,433 milhão de toneladas para 1,767 milhão de toneladas.
Mapa suspende exportação à China
O Ministério da Agricultura suspendeu, temporariamente, a exportação de carne bovina para a China em razão do caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) confirmado em Mato Grosso pela Pasta no dia 31 de maio. A doença é conhecida popularmente como “mal da vaca louca”.
“A suspensão temporária protocolar é uma medida automática, prevista em documento de 2015 assinado com a China”, disse a assessoria do ministério. “Como se trata de medida protocolar – e não de risco sanitário -, a expectativa é de que logo se levante o embargo. Em tempo razoável para que as autoridades chinesas avaliem os documentos já entregues pela embaixada de Pequim ao governo chinês.”
Balança tem superávit de US$ 6,422 bi em maio
Brasília – Depois de dois meses de queda, o superávit da balança comercial voltou a subir em maio. No mês passado, o País exportou US$ 6,422 bilhões a mais do que importou, alta de 5,8% em relação ao resultado positivo de US$ 6,073 bilhões de maio de 2018.
Esse foi o terceiro melhor resultado da série histórica para o mês, só perdendo para maio de 2017 (superávit recorde de US$ 7,661 bilhões) e de 2016 (superávit de US$ 6,43 bilhões). Com o resultado de maio, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – acumula superávit de US$ 22,806 bilhões nos cinco primeiros meses de 2019, valor 5,9% inferior ao do mesmo período do ano passado.
No mês passado, as exportações somaram US$ 21,394 bilhões, com alta de 5,6% em relação a maio de 2018 pelo critério da média diária. As vendas de manufaturados cresceram 29,5% na mesma comparação, com destaque para gasolina (R$ 0 para R$ 123 milhões), óleos combustíveis (197,3%), laminados planos de ferro e de aço (168%) e partes de motores e turbinas para aviação (151,8%).
As exportações de semimanufaturados subiram 15,4% em relação ao mesmo mês do ano passado, com destaque para ferro fundido (92,3%), semimanufaturados de ferro ou de aço (73%) e óleo de soja bruto (68,6%). Apesar do início da safra, as vendas de produtos básicos caíram 3,9%, puxadas pelo recuo nas exportações de minério de cobre (-32,3%), soja em grão (-30,3%) e farelo de soja (21%).
As importações somaram US$ 14,972 bilhões, com alta de 7,8% em relação a maio do ano passado pelo critério da média diária. As compras de combustíveis e de lubrificantes aumentaram 27,5%, influenciadas pela valorização do petróleo no mercado internacional durante boa parte do mês.
As importações de bens de capital (máquinas e equipamentos usados na produção) subiram 16,4%. As compras de bens intermediários aumentaram 6,4%. Apenas a importação de bens de consumo caiu, com recuo de 6,5% na mesma comparação, decorrente principalmente da alta do dólar no último mês.
Estimativa
Depois de o saldo da balança comercial ter encerrado 2018 em US$ 58,959 bilhões, o segundo maior resultado positivo da história, o mercado estima um superávit menor em 2019, motivado principalmente pela recuperação da economia, que reativa o consumo e as importações.
Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado preveem superávit de US$ 50,5 bilhões para este ano. O Ministério da Economia projeta superávit de US$ 50,1 bilhões para o saldo da balança comercial em 2019.
Dólar a R$ 3,90
O aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortará os juros este ano, em meio a indicadores fracos da indústria americana, levou ao enfraquecimento do dólar perante a maior parte das moedas nessa segunda-feira (3). O índice DXY, que compara a divisa dos EUA a uma cesta de seis divisas fortes, renovou mínimas à tarde, em reação à divulgação de um discurso do presidente do Fed de Saint Louis, James Bullard, que destacou que um corte nos juros americanos “pode ser justificado em breve”. O dólar, que já vinha em ritmo de queda, também bateu mínimas no Brasil, encerrando em baixa de 0,96%, a R$ 3,8878, no segmento à vista – é a primeira vez desde 15 de abril deste ano que a divisa fecha abaixo dos R$ 3,90.