RIO ? A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira, uma operação que investiga o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), Jonas Lopes de Carvalho, alvo de um mandado de condução coercitiva. O filho do presidente, Jonas Lopes Júnior, também foi conduzido a depor. Ao todo, os policiais federais cumprem dez mandados de busca e apreensão, determinados pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Félix Fischer.
Deflagrada pelo braço da Lava-Jato no Rio sob orientação da Procuradoria-Geral da República, a operação foi denominada Descontrole.
Jonas Lopes foi citado em delações de executivos da Andrade Gutierrez, como mostrou o GLOBO em novembro. Segundo os delatores, Lopes foi um dos favorecidos pelo esquema de pagamentos paralelos nas grandes obras do governo fluminense, que foi revelado pela Operação Calicute, que prendeu o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Um dos operadores investigados seria Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda, que teria a função de fazer a ligação do órgão com as empreiteiras.
Para não serem incomodadas pelo TCE, órgão encarregado da fiscalizar os gastos do governo fluminense, as empreiteiras pagavam uma caixinha de 1% do valor dos contratos, supostamente repartida entre conselheiros, afirmam os delatores da investigação. Um dos delatores, Ricardo Pernambuco Júnior, acionista da Carioca Engenharia, cujo conteúdo ainda não foi compartilhado com a força-tarefa da Lava-Jato no Rio, citou nominalmente o presidente do TCE como negociador direto do pagamento da propina. Jonas Lopes Carvalho teria cobrado cinco parcelas de R$ 200 mil da empreiteira.
Em novembro, o TCE afirmou, em nota, repudiar ?as calúnias relativas à sua atuação, feitas por executivos em delações premiadas no âmbito da Operação Lava-Jato?. Segundo o tribunal, a Corte vem sendo alvo de ?maldosas especulações, que foram repelidas administrativa e judicialmente?. E diz que ?as empresas envolvidas na Operação Lava-Jato vêm sendo duramente incomodadas e penalizadas pelas decisões do plenário deste tribunal?.