Cotidiano

Poesia visual ocupa fachada e galerias do Oi Futuro Ipanema até setembro

GIF0108-OsTeatrosAsOndas-728x444.jpgRIO ? Até o próximo 25 de setembro, a poesia ocupa os espaços interno e externo do Oi Futuro Ipanema. Com a curadoria de Alberto Saraiva, o já tradicional programa ?Poesia visual? selecionou trabalhos de Régis Bonvicino e Victor Paes. Os versos dos dois autores ganham vida própria nas exposições ?A nova utopia? e ?Os teatros as ondas as tempestades?, respectivamente. Tanto uma quanto a outra têm entrada franca e classificação livre.

Dividida em três partes, a exposição de Paes tem o diálogo como fio condutor. O poeta carioca, que também é editor e ator, conta que chegou com ideias ?loucas e irrealizáveis?. Na medida do possível, algumas delas foram colocadas em prática.

Poemas do livro ?O óbvio dos sábios? (2007, editora Confraria do Vento) foram gravados na maior parede da Galeria 2. Outro texto foi projetado nas duas paredes frontais do lugar, onde o escritor dialoga com ele mesmo. Na última seção, também com projeção em vídeo, o autor alinha, em forma de homenagem, uma porção de nomes de ex-companheiros de teatro.

? A poesia, quando trabalhada em outros suportes, se desdobra e ataca o leitor de várias formas diferentes. Sempre gostei de trabalhar com isso, por conta da minha formação teatral. Tudo o que escrevi tem a ver com o diálogo ? explica Paes.

Bonvicino, por sua vez, ocupa a Galeria 1 e a fachada do prédio, com a mais arrojada obra de toda a mostra. Com 12 metros de comprimento, a vitrine do prédio localizado na Rua Visconde de Pirajá recebeu o poema ?Tempus fugit?. Ao todo, dez lâminas de vidro sustentarão a poesia completa, publicada no livro ?Estado crítico? (2013, editora Hedra).

Dentro do lugar, um totem criado pelo artista plástico Luciano Figueiredo espera os visitantes. Ele é inspirado na última linha do poema ?A nova utopia?, que batiza a exposição. Nove monitores mostram jovens de comunidades cariocas recitando os versos de Bonvicino.

? O poema é, em parte, uma desconstrução irônica da linguagem politicamente correta, que está aí para abafar os conflitos da linguagem e da vida real ? conta o autor paulistano, que também é tradutor, crítico de literatura e editor, além de juiz. ? Sob o olhar de Alberto Saraiva, se tornou uma videoinstalação, com os adolescentes lendo-o em vídeos exclusivos e mantendo, na maioria das vezes, o tom crítico, pesado.

Ele afirma que ?não é nem nunca foi? poeta visual. Mas que a iniciativa de Saraiva o ajuda a dialogar com um público novo.

? Sou um poeta das linhas, dos versos, da palavra escrita. Creio que a visualidade criada por Saraiva faz sentido e adquire um sentido até mesmo próprio, por ser sutil. Todo poeta quer leitores que não sejam poetas. É imprescindível buscar o leitor, sem abrir mão de valores estéticos e críticos, sem aderir ao mundo pop, ao ?triunfo da superfície?.