Cotidiano

Pílula contra asma tem resultados promissores em casos graves

RIO – Uma nova pílula pode ajudar quem tem asma grave, mostra um estudo dos primeiros testes. Cientistas dizem que os resultados são “muito promissores”, mas que ainda é muito cedo e deve-se manter um “otimismo cauteloso”.

O tratamento da asma, uma doença respiratória crônica que pode causar tosse, fazer o paciente arfar e deixá-lo ofegante e sem respirar, praticante não mudou nos últimos 20 anos. Quem não consegue controlar os sintomas usa inaladores ou esteroides, que trazem o risco de ganho de peso, diabetes, osteoporose e pressão alta.

Segundo os resultados desse primeiro estudo, esse novo medicamento, Fevipiprant, poderia mudar tudo isso para os cerca de 6 milhões de brasileiros com a doença, centenas de milhares com sintomas graves.

O teste clínico foi feito na Universidade de Leicester, no Reino Unido. Um pequeno grupo de 30 pacientes recebeu a pílula durante três meses. Outros 30 receberam um placebo. Ambos continuaram a receber sua medicação normal.

Os resultados mostraram que o uso do remédio duas vezes ao dia levou a uma grande queda nos sintomas, melhorou as funções pulmonares, reduziu a infamação dos pulmões e ajudou a reparar os danos causados pela doença às vias aéreas pulmonares. Ele opera bloqueando as células inflamatórias, que não conseguem entrar na corrente sanguínea. Separadamente, também repara às vias aéreas.

“Eu soube na hora que tinha tomado o remédio, melhorei muito rápido. Me senti completamente diferente. Eu tinha mais energia, arfava menos, e, pela primeira vez em anos, me sentia muito, muito bem”, disse à BBC Gaye Stokes, de 54 anos e com asma há 16. Segundo ela, quando parou de usar, piorou de novo.

“Esse remédio pode virar o jogo no tratamento de asma num futuro próximo. Estou realmente empolgado com isso, é o primeiro tratamento que vejo que tem efeitos em todos os sintomas e danos”, disse ao “The Guardian” o doutor Chris Brightling, líder do estudo e professor clínico de medicina respiratória na Universidade de Leicester.

“Estou empolgado com o quanto o medicamento parece funcionar e o seu potencial de ajudar os pacientes a pararem de tomarem esteroides. Isso mudaria muita coisas para eles”, acrescenta ele.

O número de pessoas com asma no mundo é atualmente de 300 milhões, cerca de 8% da população global. Desses, 10% tem sintomas graves, que podem levar à morte e precisam ser controlados com fortes medicamentos ou esteroides.

Mais testes antes de aprovação

Os pesquisadores afirmam que, embora a pesquisa seja “empolgante e promissora”, exige mais testes e estudos.

“O trabalho mostra muita promessa e deve ser recebido com um otimismo cauteloso.Precisamos de mais pesquisas e ainda estamos longe de podemos receitar uma pílula para asma em qualquer farmácia, mas é empolgante ver um desenvolvimento que, à longo prazo, pode ser uma real alternativa”, disse à imprensa britânica a doutora Dr Samantha Walker, diretora de pesquisa do instituto “Asma Reino Unido”.

O Reino Unido já está liderando outro teste clínico com o uso do Fevipiprant, envolvendo 850 pacientes. Porém, os resultados desse só ficarão prontos em 2018, e outros já estão sendo planejados.

Médicos britânicos acreditam que, se for provado que o remédio é eficaz, os pacientes tenham sintomas graves com menos frequência e precisem de menos cuidados médicos, o que seria uma grande economia para a saúde pública do país, que gasta £ 1 bilhão (R$ 4,15 bilhões) por ano em tratamentos.