As mulheres são as principais vítimas do lúpus, doença em que o sistema imunológico do corpo ataca as próprias células e órgãos, acometendo os rins em metade dos casos. De maneira geral, as infecções do trato urinário são mais comuns nas mulheres, tendo o risco aumentado tanto na gravidez, quanto na menopausa. Por isso, em 2018 o tema do Dia Mundial do Rim – celebrado todo ano em março – é justamente a saúde da mulher.
A cantora norte-americana Selena Gomez surpreendeu o mundo com a notícia de que realizou transplante de rim. O procedimento aconteceu como forma de tratar a doença renal provocada pelo lúpus, que ela descobriu em 2015 e atingiu gravemente seus rins.
A nefrologista Ana Beatriz Barra explica que o lúpus é raro e em termos de doença renal crônica responsável por menos de 1% dos casos, com outras patologias que causam falência renal. Nesses casos, o transplante não costuma ser uma abordagem inicial comum, pois nem sempre é possível, disponível ou mesmo desejável. Nesses casos, a diálise é a opção de terapia substitutiva da função renal.
"Nem sempre o transplante é possível, quer seja pela disponibilidade de um doador, quer seja pelas condições clínicas do paciente. E também pode acontecer de não ser desejado pelo paciente; especialmente pelos muitos idosos ou por aqueles que por algum motivo temem o procedimento. Hoje o paciente em diálise pode ter uma boa qualidade de vida, ser produtivo, manter suas atividades e concretizar sonhos. É importante esclarecer isso. O transplante é maravilhoso. Tem a grande vantagem de oferecer maior liberdade, uma vida o mais próxima possível da normal. Mas o paciente que não tem essa oportunidade também pode viver bem, mesmo que não seja transplantado. Uma boa avaliação médica deve observar as características clínicas, psicológicas e de estilo de vida de cada paciente para decidir o melhor tratamento", explica a médica Ana Beatriz Barra.
Hemodiafiltração: terapia renova esperança
Para quem não sabe, o rim é o único órgão que pode ter sua função substituída por um equipamento, que faz a filtração do sangue, em procedimentos que duram até quatro horas, com a periodicidade de três a seis vezes por semana. A médica Ana Beatriz Barra destaca que, com a evolução das terapias existentes, o paciente renal tem conseguido obter uma boa qualidade de vida.
"Acaba de chegar ao Brasil uma nova terapia que renova a esperança dos doentes renais: a hemodiafiltração de alto volume, também conhecida como High Volume HDF. Essa terapia se diferencia da hemodiálise porque permite uma melhor remoção de toxinas, que são nocivas para o organismo e não eram removidas de forma adequada pela hemodiálise. Estudos científicos demonstram que com este tratamento, o paciente é menos hospitalizado, tem uma melhor qualidade de vida e menor mortalidade", explica a nefrologista.
Na Europa, cerca de 20% dos pacientes em diálise realizam HDF de alto volume, que é reconhecida como a modalidade de tratamento de diálise mais eficaz e que mais se aproxima da função do rim natural. Em Portugal, por exemplo, 60% de todos os pacientes em diálise realizam a terapia High Volume HDF que está agora chegando ao Brasil, trazida pela Fresenius Medical Care. Lá são 32 hospital públicos e 92 clínicas privadas oferecendo a terapia – em 93% dos casos os equipamentos são da Fresenius.
Estudos que comprovam a eficiência do tratamento
O maior estudo sobre a hemodiafiltração foi realizado na Espanha, encomendado pelo governo da Catalunha (Estudo ESHOL), com 906 pacientes, sendo destes 450 em hemodiálise e 456 em hemodiafiltração de alto volume, e acompanhados por 36 meses. Os resultados demonstraram 30% de redução da mortalidade por todas as causas, 22% de redução de risco de todas as causas de hospitalização e 28% de redução do risco de incidência de episódios de hipotensão (pressão baixa) durante o tratamento.
Campanha nacional foca a prevenção
No dia 8 de março será comemorado o Dia Mundial do Rim. Serão realizadas ações em todo o mundo com objetivo de divulgar as informações relacionadas à prevenção das doenças renais. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Nefrologia coordena essa campanha e criou material informativo e educativo que é distribuído e divulgado em todas as regiões brasileiras.
Ao longo dos anos, a Campanha de Prevenção tem se intensificado, ampliando cada vez mais o número de pessoas atingidas com informações sobre prevenção e a importância do diagnóstico precoce da doença renal crônica.
Para 2018, o tema do Dia Mundial do Rim será “Saúde da Mulher – Cuide de seus rins”, já que será no Dia Internacional da Mulher.