Agronegócio

Carne de frango:Exportações para China e Arábia “explodem”

Ásia antecipa compras por problemas sanitários e Oriente Médio substitui plantas de aquisição

Foto - Arquivo
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Palotina – As exportações regionais registram salto expressivo no primeiro quadrimestre do ano puxadas pelas vendas de carnes, sobretudo a de frango, com alta de 43%, saindo de US$ 433,9 milhões (janeiro a abril de 2018) para US$ 618,3 milhões neste ano. Isso é o que relevam os dados da Balança Comercial brasileira divulgados pelo Ministério da Economia.

Se considerado apenas o mês de abril, as vendas praticamente dobraram, tanto em volume financeiro quanto em tonelagem, na comparação ao quarto mês de 2018, partindo de US$ 105 milhões para US$ 203,7 milhões, o melhor desempenho do ano.

Considerando as principais economias exportadoras da região oeste, no mês passado foram vendidos ao exterior o equivalente a US$ 203,7 milhões e 350,2 mil toneladas. Em abril do ano passado, eram US$ 105,1 milhões para 122 mil toneladas comercializadas.

Os principais compradores estão na Ásia, principalmente China e Hong Kong. Somente no mês passado os chineses compraram 53% a mais em carne de frango no oeste paranaense que em abril de 2018. Os contratos cumpridos em abril somaram quase US$ 92 milhões para esse destino (47,7 mil toneladas da carne). No ano passado havia sido US$ 60 milhões (39,8 mil ton).

O município que mais atendeu o mercado asiático foi Palotina, seguido por Cascavel e Cafelândia. Somente o segmento carne de frango e miudezas responde por mais de 60% das exportações regionais.

Para a Arábia, um dos municípios com maior ampliação na participação de vendas foi Cascavel, que comercializou quase US$ 24 milhões em carnes somente no mês passado (10,6 mil ton), contra US$ 11,7 milhões (7,4 mil ton) em igual período de 2018. Aumento de 105% em faturamento e de 43% em peso.

Oeste pode exportar mais de US$ 2 bi em 2019

Para o agrônomo especialista na área e diretor do Colégio Agrícola Estadual de Toledo, José Augusto de Souza, esses números já antecipam como as exportações irão se comportar neste ano na região oeste, uma das principais na cadeia produtiva do agronegócio brasileiro. “Diante dos cenários que se desenham neste ano, acredito que o oeste passe, com facilidade, os US$ 2 bilhões em vendas externas”, adianta.

Para ele, as explicações para o avanço já consolidado podem ser pautadas da seguinte forma: a China passou a comprar mais carnes antecipando os problemas sanitários vividos por lá. O país vive um surto de peste suína africana que tem forçado a dizimação de plantéis inteiros e que refletem em toda a cadeia produtiva. Essa condição se estende a Hong Kong que, além de mais carne de frangos, passou a comprar mais carne suína do oeste paranaense. Isso tudo porque o mercado asiático está, além do seu abastecimento normal, formando estoque. “A China está se antecipando aos resultados ruins de seus problemas sanitários e comprando mais. É um mercado de 1,386 bilhão de pessoas que precisam comer e há casos em que os contratos firmados agora com indústrias brasileiras, muitas delas da região, valerão por cinco, até dez anos. Ou seja, boas aquisições garantidas por todo esse período”.

Somados a esses pontos, está o aperfeiçoamento do oeste na produção de pequenas aves, ou aves de consumo individual, os frangos tipo griller, e as técnicas qualificadas para o abate, que atendem as exigências daquele padrão de mercado.

Mundo Árabe

Quanto ao aumento das vendas à Arábia Saudita, apesar da polêmica mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, em Israel, há uma boa explicação.

No início do ano, países árabes responsáveis pela compra de algo próximo dos 40% da carne de frango brasileira suspenderam a aquisição de dezenas de plantas, permanecendo apenas 25 habilitadas. “As que permaneceram habitadas [incluindo as da região oeste] ampliaram suas vendas para aquele país. Parte das que estão suspensas – como é o caso de uma unidade em Ponta Grossa – está modificando sua planta para abater frangos [no chamado método halal] para atender esse mercado, ou seja, é um destino muito promissor e a região já possui a expertise de abate e da produção da carne da forma como é consumida pelos países árabes”, explica.

Mercado indiano

Outro incremento para as exportações regionais deve vir do mercado indiano, o segundo país mais populoso do mundo, com 1,339 bilhão de pessoas. A Índia anunciou a compra da carne de aves brasileira no fim do mês de abril. Esta é a proteína animal mais consumida por lá.

Para José Augusto de Souza, pelas características produtivas da região, exportar para a Índia está cada vez mais próximo, considerando que pode não haver a necessidade prévia de novas missões para verificação e certificação do mercado. “Hoje existe um grande número de países que se utilizam do protocolo de compra de outros países, ou seja, a Índia pode utilizar o protocolo de um país que já compra do Brasil, como da Indonésia, para ampliar as aquisições sem uma missão específica por aqui. Isso evita custo, burocracia e é mais rápido para o início das exportações”.

Importações também crescem

Mantendo o avanço desde o início do ano, as importações regionais também cresceram. De janeiro a abril de 2019, elas subiram 23% sobre o volume de igual período do ano passado. Saíram de US$ 134,2 milhões para US$ 164,4 milhões.

Com as exportações de US$ 618,3 milhões, o saldo da balança regional já soma quase US$ 454 milhões, 51% a mais que no ano passado (US$ 301,7 milhões).

Reportagem: Juliet Manfrin