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Copom fixa Selic em 15% ao ano e sinaliza fim do ciclo de altas

Indicado por Lula, Galípolo comanda a atual formação do Copom que elevou a taxa básica de juros mais uma vez. Foto: Arquivo/BC
Indicado por Lula, Galípolo comanda a atual formação do Copom que elevou a taxa básica de juros mais uma vez. Foto: Arquivo/BC

Brasília - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu, ontem (18), elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, passando de 14,75% para 15% ao ano. A decisão, unânime entre os membros do Comitê, marca o encerramento do atual ciclo de alta dos juros, iniciado em setembro de 2024. Com o novo patamar, a Selic alcança o maior nível desde 2016.

Segundo comunicado oficial, a elevação é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta ao longo do horizonte relevante” e reflete o compromisso da autoridade monetária com a estabilidade dos preços. O Copom também sinalizou uma pausa nas elevações, com manutenção da taxa em nível elevado por um período prolongado, a fim de avaliar os efeitos acumulados do aperto monetário já realizado.

“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados. Não hesitaremos em retomar o ciclo de alta caso julguemos necessário”, diz a nota do Banco Central.

Expectativas

A decisão surpreendeu parte do mercado. Antes da reunião, as Opções de Copom da B3 indicavam que 64,75% dos investidores apostavam em nova alta, enquanto 34% esperavam manutenção da taxa. O movimento também contrariou o cenário apontado no Boletim Focus, em que analistas projetavam estabilidade da Selic em 14,75% até o fim de 2025.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já vinha antecipando que a Selic deverá se manter em patamar elevado por um período mais longo. Em declarações recentes, ele reforçou a estratégia de manter a política monetária restritiva para garantir que os efeitos do aperto sejam sentidos de forma gradual.

“Se colocamos a taxa em um nível restritivo, sabemos que é um remédio que funciona. Tem defasagens, e queremos comunicar como isso se dará nos próximos meses”, afirmou Galípolo ainda no início de junho.

Em maio, ele já havia declarado que os juros permaneceriam altos por um “período bastante prolongado”.

Inflação

A principal justificativa para a alta da Selic segue sendo o combate à inflação. Com juros mais elevados, o crédito fica mais caro, o consumo desacelera e os preços tendem a subir mais lentamente. Como exemplo, a compra de um carro financiado torna-se menos atraente com juros altos, o que reduz a demanda e pressiona os vendedores a manter ou reduzir preços. O mesmo efeito é esperado em diversos setores da economia.

A meta de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2025 tem teto de 4,5%. No entanto, o IPCA acumulado em 12 meses até maio está em 5,32%, acima do limite. Caso o índice permaneça elevado, o Banco Central será obrigado a justificar oficialmente o descumprimento da meta.

Trajetória recente

O ciclo de aperto monetário teve início em setembro de 2024, quando a Selic foi elevada de 10,50% para 10,75%. Desde então, foram sucessivos aumentos para conter o avanço da inflação e da atividade econômica acima do esperado:

  • Novembro/24: 11,25%
  • Dezembro/24: 12,25%
  • Janeiro/25: 13,25%
  • Março/25: 14,25%
  • Maio/25: 14,75%
  • Junho/25: 15% (atual)

Crescimento reduzido

O aumento da taxa Selic ajuda a conter a inflação. Por outro lado, taxas maiores dificultam o crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central reduziu para 1,9% a projeção de crescimento para a economia em 2025. O mercado projeta crescimento melhor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,2% do PIB em 2025.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Vale lembrar que, para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir, situação difícil de ser equalizada no atual governo petista.