Economia

Importação de tilápias pode provocar desinteresse pela piscicultura no Brasil

Foto : Jonathan Campos / AEN
Foto : Jonathan Campos / AEN

Curitiba – O Paraná, maior produtor de tilápias do País e responsável por 40% da produção nacional. A importação do Vietnã pode prejudicar a produção e o mercado local, levando a um desinteresse pela atividade.

A FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) se manifestou de forma contrária à importação de tilápia do Vietnã. Em documento encaminhado ontem (17) ao ministro da Pesca e Aquicultura, André Carlos Alves de Paula Filho, a entidade paranaense repudia a compra de 25 mil quilos do peixe do país asiático, realizada em dezembro de 2023, assim como possíveis futuros negócios.

A argumentação da FAEP é de que a importação de tilápia prejudica a piscicultura brasileira e paranaense. Atualmente, a atividade está em franca expansão em território nacional, principalmente quando se trata da produção de tilápia.

“Não podemos deixar acontecer como o que estamos vendo na atividade leiteira, na qual as importações estão achatando as cotações internas do produto, inviabilizando a produção e, principalmente, retirando milhares de produtores da pecuária de leite. Precisamos e vamos lutar para proteger a piscicultura deste cenário”, destaca o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

Ainda, considerando a produção anual superior a 550 mil de toneladas, o Brasil tem capacidade para atender a demanda interna, além de gerar excedentes para exportação, contribuindo para a balança comercial. Em 2023, o país exportou quase 2,1 mil toneladas de tilápia, aumento de 96% em relação a 2022, gerando dividendos na ordem de US$ 14,1 milhões.

Além da questão comercial, o documento da FAEP ressalta a existência de protocolos sanitários e ambientais divergentes entre os países. Em 2021, o Paraná obteve o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Desta forma, o Estado precisa manter uma estrutura sanitária sólida e robusta, para garantir, futuramente, a abertura de mercados consumidores mais exigentes.

Outra associação a questionar os ministério da Agricultura e Pecuária e o da Pesca e Aquicultura sobre a importações de tilápia do Vietnã foi a PeixeBR (Associação Brasileira de Piscicutura). “Não temos informações se o lote passou por todas as análises de riscos sanitários, de maneira a garantir sua segurança para consumo”, disse Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR. “Da mesma forma, não conhecemos o processo de criação e de processamento da tilápia no Vietnã, o que também consideramos preocupante.”

Para Medeiros, a tilápia brasileira “prima pela qualidade e é uma das melhores do mundo”. No Brasil, estima-se que são 1 milhão de produtores. “A representatividade social é gigantesca”, disse.