Em nota técnica divulgada nesta segunda-feira, 26 de abril, o Ministério da Saúde incluiu gestantes e puérperas, além de pessoas com deficiência permanente, na fase 1 da vacinação, junto ao grupo de pessoas com comorbidades na Campanha Nacional de Vacinação contra a covid-19.
De acordo com a nota, nesta fase 1 da vacinação, todas as gestantes e mulheres no período pós-parto, com comorbidades, independentemente da idade ou do período gestacional, no caso das gestantes, poderão receber a vacina. Na fase 2, serão vacinadas as demais gestantes e puérperas, independentemente de condições pré-existentes.
Para receber a vacina na fase 1, a gestante ou puérpera precisará apresentar exames, receitas, relatório médico ou prescrição médica que comprove a comorbidade.
No caso de lactantes, a orientação deve ser para que não interrompam o aleitamento materno.
Qualquer vacina disponível poderá ser aplicada. Para aquelas que tiverem tomado a vacina contra a gripe, deverá ser respeitado um intervalo mínimo de 14 dias entre as doses.
Covid-19 e gravidez
A inclusão de grávidas e puérperas nos grupos prioritários era uma reivindicação dos médicos e profissionais que atuam diretamente no atendimento a este grupo de pacientes.
Segundo a nota do Ministério da Saúde, a decisão foi embasada em evidências cientificas e dados epidemiológicos disponíveis, que evidenciam que ‘a gestação e puerpério são fatores de risco para desfechos desfavoráveis da covid-19, tanto no que diz respeito ao risco de hospitalização e óbito, mas também em desfechos gestacionais desfavoráveis como parto prematuro, abortamento entre outros’.
Os riscos tornaram-se ainda mais evidentes há cerca de um mês, quando o estudo Efeitos da pandemia covid-19 nos resultados maternos e perinatais: uma revisão sistemática e meta-análise (Effects of the covid-19 pandemic on maternal and perinatal outcomes: a systematic review and meta-analysis), publicado no periódico científico The Lancet Global Health, revelou que mais mulheres grávidas morreram, tiveram complicações ou deram à luz bebês natimortos durante a pandemia do que em anos anteriores. A conclusão foi obtida a partir da análise de 40 estudos realizados em 17 países, incluindo o Brasil.
“O estudo evidenciou a carência de informação direcionada especificamente às mulheres em idade fértil e às gestantes, sobre os riscos, os cuidados e as repercussões de uma possível infecção pelo coronavírus na gestação”, alerta o Dr. Thomaz Gollop, professor colaborador de ginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí.
Os resultados maternos e fetais globais pioraram durante a pandemia, com um aumento nas mortes maternas, óbitos fetais, casos de gravidez ectópica e depressão materna.
“O aumento dos casos de gravidez ectópica possivelmente está relacionado ao processo inflamatório provocado pelo coronavírus, dificultando a passagem do óvulo fecundado, que acaba por se desenvolver fora do útero. Se não diagnosticado, com a evolução da gestação, pode ocorrer o rompimento da trompa e uma grave hemorragia”, alerta o Dr. Thomaz Gollop.
A campanha
Após vacinar os trabalhadores de saúde, pessoas com 60 anos ou mais e pessoas com deficiência instucionalizadas, indígenas vivendo em terras indígenas, povos e comunidades tradicionais Ribeirinhas e Quilombolas e idosos de 65 anos ou mais, a Campanha Nacional de Vacinação contra a covid-19 está vacinando a população idosa de 60 a 64 anos em todo o país.
O calendário pode apresentar pequenas diferenças conforme cada região.
Em São Paulo, a previsão é que a fase 1 seja iniciada em 10 de maio.