Ao mesmo tempo em que se acelera severamente no Paraná, a pandemia vai redesenhando o perfil das vítimas. Se até ano passado mais da metade dos mortos tinham mais de 70 anos, em menos de cinco meses de 2021 o cenário é outro: 57,7% das pessoas que morreram neste ano tinham entre 30 e 69 anos de idade. O público de 70 anos ou mais corresponde a 40,9% do total, e 1,35% é de quem tem menos de 29 anos.
O avanço da vacinação ajuda a explicar esses números, quando analisados mensalmente. Outro fator é o predomínio da variante amazônica, a cepa P1, muito mais agressiva e que tem levado mais jovens aos hospitais, e que foi responsável pela segunda onda em março, a qual ainda não deu sinais de ir embora.
Em janeiro deste ano, os números lembram bastante os dados de 2020, com 53,18% das mortes de pessoas com mais de 70 anos. Esse percentual caiu para 27,16% em maio, quando a maioria deles já recebeu a segunda dose da vacina contra a covid-19.
Contudo, a diferença começa a se acentuar em março, quando a vacinação ainda estava no início e atingia pessoas bem mais velhas (o que pode ser atribuído à variante amazônica). O pior mês da pandemia até agora, com 6.248 mortes, teve aumento de vítimas jovens: 56,11% dos mortos tinham menos de 69 anos. Mesmo assim, os que mais morreram, nesse mês, tinham de 70 a 79 anos (1.549 óbitos), seguidos de quem tinha entre 60 e 69 anos (1.589).
Em abril e maio, já com queda significativa no total de mortes, os percentuais vão se distanciando nas faixas etárias, caindo de 35,43% para 27,16% de quem tem mais de 70 anos, e subindo de 63,24% para 71,05% daqueles com 30 a 69 anos. O percentual de vítimas com menos de 29 anos também cresceu, mas em proporção bem menor.
Quando analisadas faixas etárias por décadas, a maior proporção é de quem tinha entre 60 e 69 anos, que, neste mês, respondem por 28,17% das mortes, seguidos dos cinquentões, com 24,3%. Em janeiro, essa proporção era de 25,57% e 12,47%, respectivamente.
Nessa comparação, os maiores crescimentos ocorreram na faixa dos 40 a 49 anos, que mais que dobrou (de 5,47% para 13,55%), da faixa de 20 a 29, que quadruplicou (de 0,37% para 1,66%) e dos 50 aos 59, que praticamente dobrou.
Em contrapartida, as maiores quedas ocorreram nas faixas mais altas: de 80 a 89 anos caiu de 20,31% para 7,65%, de 70 a 79 caiu de 27,3% para 17,15% e, acima de 90 anos, de 5,58% para 2,35%.
Mortes por covid-19 no Paraná
Proporção de mortes por covid no Paraná
Acumulado
O Paraná caminha para dobrar o total de mortes por covid-19. Conforme dados atualizados por data do óbito (inclui lançamentos posteriores) da Secretaria de Saúde, em 2020 morreram 8.525 pessoas em decorrência de complicações da covid-19 (já considerados os casos retroativos confirmados até ontem). E, neste ano, até ontem, já eram 16.400 o total de vítimas da doença, 92,4% maior.
Nos dois anos, a proporção de homens que morreram é praticamente a mesma: 57% das vítimas eram do sexo masculino, 0,7 ponto percentual a menos que em 2020.
E o que chama mais atenção é o crescimento de mortes de quem tinha até 49 anos, de 186%. No ano passado, foram 856 óbitos. Neste ano, já são 2.448.
Proporção de mortes por faixa etária
Fila para internamentos passa de mil
A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nessa segunda-feira (24) mais 1.675 casos de covid-19 e 56 mortes. Os dados acumulados do monitoramento mostram que o Paraná soma 1.056.568 casos e 25.418 mortes em decorrência da doença.
Mesmo com 5.374 pessoas internadas em leitos exclusivos para covid-19, sendo 2.310 em UTIs, o Paraná encerra o dia com mais de mil pessoas na fila de espera por leito (1.098, das quais 523 para UTI).
O Estado também registra nova marca de casos ativos: 294.153 infectados com capacidade de transmitir o vírus.