Diante do agravamento da pandemia, o Simepar (Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná) divulgou nota nessa terça-feira (16), pedindo aos gestores públicos estaduais e municipais que implementem uma série de medidas para mitigar os efeitos da tragédia humanitária do coronavírus. Na opinião dos médicos, o ideal neste momento seria a implementação de um ‘lockdown’ que proporcionasse o índice de isolamento social de 70% da população paranaense.
Sobre a imunização por vacina, a categoria alerta que é urgente que se atinja a imunização de 30% da população, evoluindo progressivamente para até 90% na medida em que as vacinas sejam disponibilizadas.
As regras de isolamento devem incluir critérios rígidos de lotação dos transportes públicos, orienta o Simepar.
“É muito importante que os ônibus circulem com a lotação reduzida, com os passageiros todos sentados. Ônibus lotados são locais altamente propícios para a proliferação do vírus e para o contágio da população. Medidas de restrição de circulação de pessoas devem ser adotadas conjuntamente pelos municípios que integram as regiões metropolitanas do Estado. De pouco adianta uma cidade adotar medidas restritivas se o município vizinho não adotar medidas semelhantes”, diz um trecho da nota dos médicos.
Faltam leitos
O Simepar prossegue ressaltando que, desde o início da pandemia, o número de leitos de terapia intensiva (UTIs) foi duplicado, mas ainda faltam leitos de UTI e de enfermaria. Por isso, para que seja possível ampliar ainda mais o atendimento e evitar que pacientes venham a óbito sem a devida acolhida, é urgente que sejam implementadas ações de capacitação de profissionais médicos intensivistas, fisioterapeutas, e de enfermagem para que as equipes possam prestar o melhor atendimento possível.
Nos casos de deslocamento de pacientes, é importante que haja centros regionais de referência, evitando ao máximo os deslocamentos em grandes distâncias pois eles aumentam os riscos de agravamento do quadro dos pacientes, além de ocupar equipes inteiras de profissionais durante os períodos de translado, orientam os médicos.
Problemas psicológicos
Em outro trecho da nota enviada aos gestores, o Simepar ressalta os danos psicológicos da categoria.
“Também se faz necessária a disponibilização de atendimento psicológico para os profissionais de Saúde, em especial aos que estão na linha de frente do atendimento aos pacientes da covid-19. Há diversos relatos de fadiga extrema, pondo em risco a saúde física e psíquica desses profissionais. Muitos profissionais desistem dos seus postos de trabalho e há inclusive casos de ao suicídio que chegam ao conhecimento do Simepar.
Também é imperativo que sejam oficializados e implementados na prática os Protocolos Éticos de Atendimento, para que não recaiam individualmente sobre um médico ou médica a decisão sobre quem ocupará um leito de enfermaria ou de terapia intensiva e quem irá continuar na fila de espera. Essas decisões devem ser compartilhadas e devem seguir critérios científicos claros, evitando a culpabilização dos profissionais.”
Auxílio emergencial
O Sindicato considera também importante a distribuição de auxílio emergencial pelos municípios para atender as pessoas mais carentes, evitando que essas pessoas tenham que romper o isolamento social para sair em busca do sustento.
“Muitos municípios têm condições efetivas de fornecer esse benefício, que deve ser em um valor suficiente para prover o mínimo sustento das famílias carentes. Para amenizar a crise econômica e evitar as falências generalizadas, o estado e municípios devem promover a isenção de impostos e tributos que incidam diretamente nos custos dos estabelecimentos comerciais e profissionais que tenham suas atividades suspensas em função dos decretos de isolamento e distanciamento social.
Os médicos e demais profissionais que atuam em regime autônomo e tenham suas atividades prejudicadas devem ser amparados por essas isenções; em especial, aqueles que venham a convalescer da covid-19.”, diz a nota.
Segundo o Dr. Marlus Volney de Morais estamos vivendo uma emergência sanitária sem precedentes. Dela surgiu a emergência humanitária e consequentemente uma crise econômica.
“Não há como tentar resolver a crise econômica sem superar a emergência sanitária e humanitária. Resumindo: não existe economia sem a vida das pessoas.” afirma.
Resumo das medidas propostas:
• Restrição das atividades não essenciais;
• Isolamento social de pelo menos 70% da população;
• Imunização imediata de 30% da população avançando até 90%;
• Ônibus com todos os passageiros sentados;
• Capacitação de equipes de UTI com médicos intensivistas, fisioterapeutas e enfermagem;
• Limitar o deslocamento de pacientes;
• Atendimento psicológico para os profissionais de Saúde;
• Aplicação dos Protocolos Éticos de Atendimento;
• Auxílio financeiro emergencial pago pelos municípios às famílias carentes;
• Isenção de impostos e linhas de crédito para pequenos empreendedores;
• Campanhas de conscientização da população em geral.
Fonte: Banda B