Com quase 77 mil casos ativos no Paraná, governo amplia restrições

Santa Helena – O Paraná alcançou ontem 76.852 pacientes ativos, todos diagnosticados e com capacidade de transmissão da covid-19, quase 80% acima do registrado no chamado pico da pandemia, em julho/agosto. Mas ainda havia 8.387 amostras em análise. O total de pacientes internados chegou a 2.710 nos leitos exclusivos para o tratamento da covid-19, também o maior desde o início da pandemia, em fevereiro. Desses, 1.163 com diagnóstico confirmado e outros 1.547 que aguardam resultados de exames.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI SUS Covid aumentou um ponto percentual e chegou a 88%. Na Macrorregião Oeste houve queda de dois pontos percentuais e a taxa ficou em 74%.

Diante da situação alarmante, o governo do Estado ampliou as restrições e publicou novo decreto (6294/20200), no qual estabelece, entre outras regras, a proibição de confraternizações e eventos presenciais que causem aglomerações com grupos de mais de dez pessoas, excluídas da contagem crianças de até 14 anos. A exceção são ações sem contato físico, incluindo o modelo drive in.

O texto assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior prevê também a proibição da comercialização e do consumo em vias e espaços públicos de bebidas alcoólicas das 23h às 5h, decisão que acompanha o toque de recolher em vigor desde a quarta-feira (2).

Apenas serviços considerados essenciais, regidos pelo Decreto 4.317/20, como saúde, segurança pública, limpeza pública, produção, distribuição e comercialização de alimentos, ficam liberados da restrição de circulação.

“Essas medidas são fundamentais. É claro que o vírus não tem horário, mas cerca de 15% dos nossos leitos de UTI são usados em decorrência de traumas. Em muitos casos por pessoas que bebem, pegam o carro e acabam se acidentando. Isso libera leitos para combater o coronavírus, para dar assistência a quem está contaminado”, argumenta Ratinho Junior.

O decreto recupera duas resoluções da Secretaria de Estado da Saúde. A 734/2020, que autoriza a celebração de cultos religiosos desde que o espaço destinado ao público tenha ocupação máxima de 30%, garantido o afastamento mínimo de 2 metros entre as pessoas. A medida começa a valer na segunda (7) para dar tempo de as igrejas se organizarem. O texto recomenda que a população realize atos religiosos em casa, de forma individual ou em família.

Outra medida retomada é a Resolução 632/2020, que trata do teletrabalho. O decreto estabelece que esse formato seja adotado para as funções que forem compatíveis no âmbito da administração estadual. Há ainda a orientação para que os demais poderes, assim como municípios e entes privados, acompanhem o regramento.

Situação se agrava na região

O cenário é preocupante em diversas partes do Estado. Em Santa Helena, na Costa Oeste, o prefeito em exercício, Paulinho Vasatta, fez um apelo à população pedindo colaboração para que reduzir urgentemente o número de casos. Ontem, todos os leitos do hospital contratado pelo Município para internamentos de pacientes com covid-19 estavam ocupados, além dos sete leitos do Hospital Atitude e uma pessoa estava em observação na nova UPA. “Se o contingente não reduzir, o sistema de saúde pública local não irá suportar tamanha demanda e, infelizmente, não temos a quem recorrer, uma vez que a situação nos demais municípios da 20ª Regional é semelhante à nossa, ou seja, não há leitos”, disse Vasatta. “Acredito que, se nos dedicarmos agora, respeitando o isolamento social, usando máscara e evitando aglomerações, poderemos ter um Natal mais tranquilo e, quem sabe, reunir as famílias nesse momento tão importante”.

Guaíra sem festas

Em Guaíra, que soma 496 casos e cinco mortes, um decreto municipal publicado ontem proibiu a realização de festas, reuniões, eventos e o consumo de bebida alcoólicas em espaços públicos. As medidas visam tentar frear a contaminação pelo coronavírus.

Também foram suspensos os passeios em embarcações turísticas com capacidade superior a sete passageiros e serão intensificadas as medidas sanitárias nas igrejas, ficando proibida a realização de atividades antes ou depois da cerimônia religiosa.

O descumprimento das determinações poderá gerar multa de R$ 4.530, independentemente de prévia notificação, e cassação do alvará de funcionamento do estabelecimento.