Brasília – A nova escalada de casos de covid-19 em vários países e, por consequência, a adoção de medidas de restrição para conter uma segunda onda da pandemia colocam em dúvida a velocidade de recuperação da economia global. Por enquanto, economistas descartam a reversão do movimento de retomada, mas, ante o risco crescente de novos bloqueios regionais, já esperam desaceleração substancial no ritmo atual, postergando o retorno da atividade ao nível pré-pandemia.
Essa preocupação reflete no mercado financeiro, com queda em bolsas no mundo todo.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou novas medidas restritivas, limitando o horário de funcionamento de bares e restaurantes até as 22h, por exemplo, e alertou os britânicos que o país não deve esperar um retorno à normalidade social por pelo menos seis meses.
Na Espanha, 850 mil moradores de Madri e da região metropolitana não poderão deixar seus bairros por duas semanas, a não ser para tarefas essenciais.
As novas restrições que começam a aparecer se seguem ao aumento das contaminações por covid-19 na Europa. No último fim de semana, a França bateu recorde de novas infecções diárias, enquanto o Reino Unido atingiu o maior índice desde 8 de maio.
Por enquanto, os bloqueios anunciados são limitados, mas os números aumentam o temor de um segundo lockdown nacional, o que seria um desastre para a recuperação das economias da região, alertam economistas.
“Os problemas de contenção de vírus nos Estados Unidos e em países emergentes são somados ao número crescente de casos na Europa”, alerta o JP Morgan, em relatório. O banco americano vê o movimento de recuperação global ainda forte, mas incompleto em meio ao risco de novos bloqueios e à falta de munição dos governos para responder ao movimento de retomada.
Bolsa sobe e dólar cai
No Brasil, as declarações mais favoráveis dos presidentes do banco central americano e do BC brasileiro ajudaram a dar novo fôlego para a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, que recuperou as perdas do pregão anterior e fechou com alta de 1,33%, aos 97.012,07 pontos, nessa quinta. A informação de que o Congresso dos EUA ainda vai tentar aprovar algum tipo de pacote de estímulos fiscais também aumentou o ânimo dos investidores e ajudou a diminuir a pressão sob o dólar, que ontem encerrou com queda de 1,37%, a R$ 5,5106.
Por aqui, o mercado viu como positiva a fala de Roberto Campos Neto, de que a velocidade do processo de retomada do crescimento doméstico “indica que o Brasil está bastante acima da média de emergentes, tanto em 2020 como nas expectativas para 2021”.
A entidade também melhorou a projeção de queda do PIB em 2020, agora de 5% e trouxe previsão de alta de 3,9% para 2021 e reforçou a percepção de que a Selic deve continuar a 2% até o fim do ano.