Política

“Nunca comprei voto”, diz empresário; ele afirma que ajudaria “bons vereadores”

Empresário Francisco Simeão apresentou a “fábrica de prédios”, no dia 29 de março, em evento com prefeito Paranhos, autoridades e lideranças classistas

“Nunca comprei voto”, diz empresário; ele afirma que ajudaria “bons vereadores”

Cascavel – A Comissão de Viação, Obras Públicas e Urbanismo da Câmara de Cascavel ouviu ontem (22), esclarecimentos do empresário Francisco Simeão, idealizador de um empreendimento de 6 mil apartamentos, em Cascavel. A reunião não teve transmissão ao vivo pelas redes sociais da Câmara, contudo, foi gravada.
O empresário foi convidado pelos parlamentares para prestar esclarecimentos na Comissão após afirmar, em entrevista a um Podcast (Catve) que ajudaria financeiramente na campanha de alguns vereadores em Cascavel. A fala do empresário se potencializou por conta da discussão do projeto de lei que aumenta a área urbana do Município de Cascavel, já que o empreendimento, atualmente, está fora da área urbana.
Na tarde de ontem, o empresário foi “sabatinado” por mais de 3 horas pelos vereadores e, apesar das explicações sobre o assunto principal terem sido colocadas pela maioria dos vereadores em “segundo plano”, alguns parlamentares questionaram sobre o posicionamento do empresário que deu explicações sobre a situação.
Ao responder questionamentos da vereadora Beth Leal (Republicanos), Simeão disse ter sido “mal interpretado”. “Eu peço perdão pela minha falta de didática. Porque eu devo estar querendo falar alguma coisa e expressando outra. Eu deixei claro na minha posição. Quando eu falei, eu disse que daria dinheiro na campanha, mas nunca disse que daria condicionado a voto. Eu nunca comprei voto de ninguém. Eu disse que ajudaria na campanha de bons vereadores no meu julgamento, mesmo que o meu projeto não avance aqui.”

Público e Privado

Durante a maior parte da reunião o empresário deu detalhes do funcionamento e de como será o empreendimento. Segundo Simeão, o projeto do “Bairro Ecoparque”, que será um condomínio fechado, prevê a construção de 6 mil apartamentos, unidade de saúde e até escolas públicas em período integral que terão nota 8 no IDEB e um “bônus” pago em dólar aos servidores públicos.
As informações geraram certa preocupação por parte da vereadora Professora Liliam (PT), que questionou como o empresário poderia prometer esse tipo de serviço público e bônus, sendo que não é prefeito. Simeão respondeu informando que está dando ao Município a capacidade de gestão. “É duro, porque eu quero dar um presente e o presente é mal vindo. Não estou dando mil dólares para o público, não estou misturando o público com privado, eu estou dando a minha capacidade de gestão.”
O empresário ainda explicou que o valor do “bônus” será oriundo de um fundo criado pela associação de moradores do residencial. “Ele causa desconfiança mesmo, mas a conta é aritmética, 3 mil moradores vão pagar para a associação de moradores R$ 25, cada um, para estimular os professores, cantineiros a se esforçarem para alcançar a nota 8 no IDEB.”
Simeão ainda disse que o empreendimento é um presente para Cascavel e, por inúmeras vezes disse que poderia deixar de investir na cidade, se fosse o caso. “Nunca ninguém deu esse presente para uma cidade e eu quero dar para Cascavel, mas estou vendo que está tendo dificuldade em aceitar porque não só é contra, como não sabe do que se trata.”

Financiamento de “bons políticos”

Após a reunião, o empresário voltou a dizer que foi mal interpretado. Contudo, argumentou que pretende ajudar, sim, em campanhas de “bons políticos”. “Claro que eu fui mal interpretado. O que eu disse lá eu ratifico. Eu ajudo as campanhas políticas faz 50 anos e vou fazer isso até morrer. Dentro da lei, dentro do que manda o TRE, do que manda a orientação ética. Eu só ajudo nas campanhas políticas, eu não pago voto.”
Ele ainda disse que não recebeu pedidos de pagamento de autoridades políticas. “Ninguém me pediu para pagar, ninguém me pediu nada.” Segundo o empresário, o objetivo de ajudar nas campanhas políticas é para “eliminar os maus políticos”. “É obrigação de todos nós ajudarmos bons políticos com bons projetos para a cidade. Ajudando os bons, nós podemos eliminar os ruins e eleger os bons, porque os ruins não servem para servir, que é a obrigação dos bons.”
Ele ainda argumentou que futuramente poderá ajudar a financiar campanhas em Cascavel. “Eu não tive a oportunidade de ajudar, é a primeira vez que venho a Cascavel. E o nosso negócio estando aqui, é lógico que eu esteja aqui. Mas, sempre estive no Paraná inteiro. Eu ratifico que ajudo todas as campanhas políticas dentro da lei.”

Notificado pela Polícia

O empresário confirmou que foi notificado pela Polícia Civil de Cascavel para prestar esclarecimentos sobre o caso e disse que irá prestar esclarecimentos para a autoridade policial. “Eu fui notificado e vou comparecer. Se eles puderem me atender, vou falar agora (ontem) lá, se eles não puderem me atender, eu irei depois da minha volta dos Estados Unidos. Mas eu acho que o mesmo problema deles é o mesmo que já foi esclarecido aqui na Câmara. Eu faço questão que eles estejam atentos.”

Foto: Arquivo/Secom