O marqueteiro João Santana divulgou nota nesta quarta-feira (17) afirmando que o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo mente de forma 'deslavada" no intuito de defender a ex-presidente Dilma Rousseff.
Na nota, Santana reafirma ter sido avisado pela então presidente, em fevereiro de 2016, que havia contra ele e sua mulher, Monica Moura, um mandado de prisão relativo às investigações da Operação Lava Jato.
Santana classifica como "grotesca e absurda" a entrevista dada por Cardozo ao jornal "O Globo", em que ele rebate as acusações do casal contra a ex-presidente.
O ex-ministro, que chefiou a defesa de Dilma durante o processo de impeachment, já havia feito manifestação idêntica em entrevista à Folhapublicada na última sexta-feira (12).
"A grotesca e absurda entrevista do advogado José Eduardo Cardozo ao Globo faz-me romper o compromisso, que tinha comigo mesmo, de somente tratar dos termos das colaborações, minha e de Monica, no âmbito da Justiça", diz Santana no início da nota, afirmando que já mentiu para defender Dilma, jamais para acusá-la.
'Lamento por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando. A vida nos impõe momentos e verdades cruéis."
O marqueteiro, que chefiou a propaganda da campanha à reeleição de Lula (2006) e de Dilma (2010 e 2014), reafirma que o último informe de Dilma "veio no sábado [dias antes da prisão], em e-mail redigido com metáforas, cuja cópia está anexada aos termos da nossa colaboração".
Segundo o casal, foi criada uma conta secreta de Gmail para haver a comunicação entre eles. Os três tinham a senha e se mantinham informado por meio de rascunhos de e-mails nunca enviados.
Santana apresenta na nota o que ele classifica ainda como dois indícios de que tinha informações privilegiadas sobre sua iminente prisão: a de que dias antes da prisão chamou o advogado à República Dominicana, onde conduzia uma campanha eleitoral, além de ter cancelado o retorno ao Brasil "com passagem comprada e com reserva já confirmada"
O casal retornou ao país em 26 de fevereiro de 2016, um dia após à decretação da prisão. Eles ficaram em regime fechado até agosto do ano passado. Após firmarem eles firmaram acordo de delação premiada, foram condenados a um ano e seis meses em prisão domiciliar e mais um ano e seis meses em regime semiaberto devido ao recebimento de recursos ilícitos da Odebrecht em contas no exterior.
Santana nega na nota que tenha, em sua delação, misturado à contabilidade da campanha de Dilma pagamentos da Odebrecht relativos a trabalhos que comandou em outros países. "É uma mentira deslavada", afirma, em relação às declarações de Cardozo. E completa: " De forma cínica [Cardozo] diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?"
Nas entrevistas que deu, o ex-ministro afirma que o casal Santana caiu em contradições e sugere que eles estejam mentindo para não perder os benefícios da delação.
TRÉPLICA
Após a manifestação de Santana nesta quarta, Cardozo também divulgou nota para rebater o ex-aliado.
"É esperado que alguém defenda, inclusive com deliberada veemência e indignação, os termos de uma delação que firmou com a finalidade de obtenção de condições mais vantajosas para o cumprimento de uma sanção penal. Afinal, a não comprovação dos depoimentos prestados pelos delatores levará à perda das vantagens pretendidas", escreve o ex-ministro.
Repetindo a afirmação de que há contradição nos depoimentos de Santana e de Monica Moura, Cardozo reitera a negativa de que tenha municiado Dilma com informações prévias sobre as investigações relativas ao casal.