A década de 20 está começando em meio a uma grande euforia em relação à inovação. Tecnologias exponenciais, startups milionárias e a certeza de que estamos vivendo a era da inovação ou da morte. Mas nem tudo é como ou mesmo na velocidade que imaginamos. Por isso, arrisco aqui alguns palpites sobre as sete maiores tendências para 2020.
1 – Big Data: A cada dia geramos mais dados que, quando bem interpretados, transformam-se em poderosas informações que ajudam na tomada de decisão de qualquer empresa. As soluções de Big Data, que permitem que profissionais de TI trabalhem com informações não estruturadas a uma grande velocidade, deve se tornar ainda mais acessíveis. Um estudo realizado pelo Gartner aponta que 75% das empresas devem investir nessa tecnologia até o fim deste ano. O IDC (International Data Corporation) estima que 35 trilhões de gigabytes serão gerados em 2020. Processar esses dados é o desafio.
2 – LGPD: Enquanto o Big Data trabalha na interpretação de um volume cada vez maior de informações, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que deve entrar em vigor em 16 de agosto de 2020, tenta nos proteger dos abusos e da invasão de privacidade. Ela afetará todas as empresas – brasileiras e estrangeiras – que coletarem, armazenarem ou processarem dados pessoais de indivíduos residentes ou localizados no Brasil. Partindo do pressuposto que a maioria das empresas já tem montanhas de dados de clientes, será necessária não apenas uma mudança de sistema, mas sim de cultura para a captação e a manipulação dessas informações.
3 – 5G: A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) confirmou que vai abrir a licitação de implementação da quinta geração de telefonia móvel (5G) até o fim de março de 2020. E engana-se quem pensa que o 5G é apenas uma versão melhorada do 4G. Trata-se de uma nova e disruptiva tecnologia que permitirá aplicações como carros autônomos, agricultura de precisão, cidades inteligentes, reconhecimento facial e principalmente a Internet das Coisas, onde objetos serão conectados entre si. A expectativa é de que até 2025 cerca de 2,8 bilhões de pessoas sejam assinantes do 5G.
4 – Blockchain: Embora ainda esteja bastante associado ao mercado de criptomoedas, o Blockchain é uma tecnologia que irá muito além. Ele permite armazenar digitalmente registros de transações em redes descentralizadas, de forma segura e independente, conectando quem precisa de algo a quem tem, eliminando assim os intermediários. Nos próximos cinco anos, especialistas concordam que a solução se expandirá para várias aplicações pragmáticas no processamento de pagamentos, compartilhamento de dados, negociação de ações, manutenção e rastreamento de documentos. Seu impacto será tão grande que, de acordo com uma pesquisa da Deloitte, 77% dos 1.386 executivos de mais de dez países indicaram que perderão vantagem competitiva se não adotarem essa tecnologia.
5 – China: E quando o assunto é tecnologia, a China reina quase que absoluta. O país que travou uma guerra contra os Estados Unidos em Inteligência Artificial em 2019 agora almeja sonhos literalmente mais altos: explorar Marte! A China acaba de lançar o terceiro exemplar do foguete Long March-5, um dos mais potentes do mundo. Os investimentos em infraestrutura também devem continuar por lá. Só em 2020, o país prevê um investimento de cerca de US$ 114 bilhões em transporte ferroviário, rodovias, hidrovias e aviação civil. Definitivamente, eles deixaram de ser a fábrica do mundo para se tornarem os grandes protagonistas.
6 – Zebras: Depois da febre dos unicórnios – empresas que valem mais de US$ 1 bilhão -, agora parece ter chegado a hora das zebras. O movimento Zebras Unite, que surgiu nos Estados Unidos em 2017, por meio do manifesto “As zebras consertam o que os unicórnios quebram”, promete ganhar ainda mais força ao pregar o fim das rodadas milionárias de investimentos para empresas incapazes de gerar lucro. O professor de marketing da Universidade de Nova York Scott Galloway prevê um declínio de 50% no valor de “empresas unicórnio” de capital fechado em 2020. Ao que tudo indica, será o começo do fim das empresas que beneficiam apenas seus fundadores.
7 – ISO de inovação: Num contexto de mais resultados e menos euforia, especialistas como Arthur Igreja, do AAA, preveem a volta de termos como melhoria contínua, automação e revisão de processos. Será o back to the basic, ou seja, a volta ao básico, em vez de uma corrida desenfreada pela inovação. Nesse sentido, a ISO 56.002, de gestão da inovação, que foi lançada em julho de 2019, deve ser uma grande tendência para ajudar empresas de todos os portes e segmentos no seu processo de transformação. A norma visa garantir a geração de inovação por meio de valor, já que acredita que aquilo que não gera resultados financeiros trata-se apenas de invenção e não de inovação.
Alexandre Pierro é sócio-fundador da Palas e um dos únicos brasileiros a participar ativamente da formatação da ISO 56.002, de gestão da inovação