Um dia, ressoou uma indagação que me fez voltar ao tempo de menino. Na verdade, a pergunta em questão era algo recorrente, “Por que o senhor se ocupa tanto com entidades e projetos que tomam o seu tempo?”. Acredito que aquele dia ressoou diferente por ter vindo de uma colega médica.
É bem verdade, passei tantos anos da minha vida envolvido com trabalhos de responsabilidade social, que além de não me darem retorno financeiro, muitas vezes, colocava meu nome em linha direta com ideias opostas, bem como, assumir encargos financeiros, que se não fossem cumpridos, responderia diretamente por eles.
Outro ponto, e esse é o mais delicado, pois trabalhei muito como médico, a ponto de parar em uma UTI por excesso de trabalho continuado, mas afinal, tinha que manter os compromissos com minha família, pois são o amor da minha vida e agradeço muito a Deus por eles. Os trabalhos que assumia como responsabilidade social, na maior parte das vezes, me fazia abrir mão do tempo que poderíamos estar juntos.
Mas afinal, por que deste título, “Quando eu era menino”? Porque foi justamente lembrando da tenra idade em Curitiba, que me veio a resposta. Cresci numa família de três irmãos, em que eu era o mais velho, meus pais eram amorosos, porém, tínhamos uma vida simples e sempre estudamos em escolas públicas, pois não havia a possibilidade de estudarmos em escolas privadas. Comecei a trabalhar muito cedo, ajudando meu pai em consertos de rádios, televisão e outros aparelhos. A única maneira de me tornar um médico, como sonhava, era através do ensino gratuito, foi então que consegui entrar para a Universidade Federal do Paraná, em que me tornei médico em 1979.
Desde então, sempre procurei fazer trabalhos voluntários, como uma forma de gratidão e quando penso nisso, percebo, faria tudo novamente como fiz, pois, a gratidão eleva a nossa alma e é com a alma elevada que nos tornamos dignos de estarmos aqui, pois somente assim, seremos úteis aos nossos semelhantes.
Dr. Jorge Luiz dos Santos – médico alergologista CRM/PR 6674