Houve o medo da tuberculose
Que levou muitos poetas jovens…
Houve outros medos
Sífilis
Lepra
Gonorreia
Aids…
E agora vem um novo vírus.
Antigo com novas mutações,
Que fez transformar o mundo…
Pessoas de máscaras,
Recomendações para não pegar em mãos,
Padres dizendo que não abraçarão mais os fiéis,
Um distanciamento estranho,
Cada ser humano desconfiado do próximo,
Um simples espirro pode ser o sinal de alerta…
Para onde caminhará a humanidade?
Seremos (ainda?) homens da bolha?
Seres trancafiados em suas estruturas.
Seremos tartarugas, caramujos…
Só consigo, no gelado do inverno de 2009,
Sentir que é preciso correr o tempo,
Trazer um novo sol,
Que cicatrize as feridas
E traga novas esperanças.
É preciso um pouco de calor, pois
De que viverão os corações?
Neste momento há uma fresta de luz
Mas o vento é cortante e desalentador.
É preciso encontrar a chave da compreensão
E permanecer sob o sol até secar todas as lágrimas…
Em 2009, angustiado com uma nova moléstia que nos fez sentir isolados e impossibilitados de beijar e dar as mãos, escrevi esta poesia. Pedi um sol que trouxesse alento e novamente a possibilidade de aproximação entre os seres humanos e ele veio…
Hoje, 12 anos depois, vem a pandemia da covid 19, que não escolhe as vítimas, classe social, raça, continentes. Pedi novamente que viesse o verão, a luz e o sol e que o vírus seria debelado e a vida voltaria ao normal. Mas seguiu o verão, a doença progredindo e hoje, um ano depois, estamos abatidos, mascarados, isolados, sem vagas nos hospitais… O dinheiro não vale nada quando não há vaga nos hospitais…
Resta-nos esperar que a vacina possa estar disponível para todos e que controle esse ser medíocre e devastador… Que não venham outras ondas…
Que venha uma chuva abençoada que lave os corpos e as almas e venha um novo tempo e que os seres humanos sejam mais iluminados, mais fraternos, mais tementes e menos soberbos…
Que venha uma nova esperança, verde como o mar, que nos tome os corações e nos faça mais fortes! Que vença a vida!
Luis Alberto Batista Peres – médico nefrologista, poeta