Os avanços da medicina no último século são imensuráveis. Da penicilina aos tratamentos com tecnologia nuclear, a estimativa de vida da população triplicou, enquanto a qualidade de vida de pacientes com doenças graves também evoluiu muito. Por essas e outras razões que retroceder não deveria nem ser cogitado.
Embora apareça em situação bem melhor que em outros rankings mundiais, o Brasil perdeu sete posições em pesquisa clínica, caindo para a 24ª posição, quando poderia muito bem figurar em décimo devido ao seu potencial. Se aproveitasse melhor seu potencial, poderia atrair um investimento estimado em R$ 2 bilhões, com efeitos na economia ainda maiores, em torno de R$ 5 bilhões. Isso, claro, sem contar as vidas.
Existem dois tipos principais de pesquisas na área da saúde: a básica, realizada dentro da academia, e a clínica, feita normalmente com apoio do setor privado, principalmente da indústria farmacêutica. O Brasil enfrenta obstáculos nas duas modalidades. No campo da pesquisa acadêmica, o problema está nos cortes de recursos; já para os ensaios clínicos, o gargalo consiste no excesso de burocracia. Tempo precioso quando se fala em saúde: as estimativas são de 580 mil novos casos de câncer por ano no Brasil.
A burocracia resiste à lógica. Enquanto um processo leva um ano, até mais para ser aprovado, nos Estados Unidos, por exemplo, o trâmite não dura mais que seis meses.
Já no campo acadêmico, os cortes das pesquisas nas instituições públicas são justificados com argumentos ideológicos. Mas vale frisar que são cortes que custam caro. Sem pesquisa, ficamos na dependência do capital privado, nas mãos da indústria farmacêutica, que não tem dó no preço dos produtos patenteados.